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Assim nasceu Salvador

Série especial mostra detalhes importantes de como foi o início da capital baiana

Redação iBahia • 07/06/2016 às 10:37 • Atualizada em 27/08/2022 às 14:57 - há XX semanas

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A história de Salvador: você sabe como tudo começou?
Série Especial: ASSIM NASCEU SALVADOR/Foto: Salvador vista da Baía de Todos os Santos. Data não identificada/Fonte: AHMS/FGM Pesquisa: Amo a História de Salvador – By Louti Bahia
Depois de terem sido “descobertas” por Portugal em 22 de abril de 1500, as terras brasileiras foram divididas em capitanias hereditárias e doadas a famílias que deveriam fazer a colônia prosperar. Porém, em 1548, D. João III, rei de Portugal, percebendo a deficiência do sistema das donatárias e o perigo das terras serem invadidas por estrangeiros, decretou o fim das capitanias e ordenou a criação de um governo-geral para unificar a colônia, centralizar as decisões políticas, administrativas e econômicas, além de estruturar sua defesa, começando pela construção de uma cidade fortificada.Em 1549, Tomé de Souza partiu de Lisboa comandando uma armada com três naus (Salvador, Conceição e Ajuda), duas caravelas e um bergantim (tipo de embarcação movida à vela e a remo). Em 29 de março, desembarcaram onde hoje existe o Porto da Barra mas só existia a Vila do Pereira, nome em alusão ao donatário da capitania local, Francisco Pereira Coutinho.Tomé de Souza, o Primeiro Governador Geral do Brasil, trouxe cerca de mil pessoas para a grande empreitada de construir Salvador. Dentre elas o jesuíta Padre Manoel da Nóbrega e o Mestre das Obras Luís Dias, o arquiteto responsável pelo projeto e execução das obras. Além deles, aqui desembarcaram inúmeros artífices como pedreiros, carpinteiros, telheiros, oleiros, ferreiros, dentre outros. E também desembarcaram outros profissionais para garantir o mínimo de conforto ao grupo: relojoeiros, barbeiros, vaqueiros, carvoeiros, um físico, um cirurgião e muitos outros.Assim começou a construção de Salvador. Acompanhe a série “Assim nasceu Salvador” aqui em nossa página e conheça, a cada dia, um pouco mais da rica história da nossa cidade.Por que a cidade não foi construída no Porto da Barra?
Série Especial: ASSIM NASCEU SALVADOR/Foto: O Porto da Barra. Data não identificada/Fonte: Arquivo Histórico Municipal de Salvador/FGM Pesquisa: Amo a História de Salvador – By Louti Bahia
Onde hoje existe o Porto da Barra, no início da Ladeira da Barra, em 1549 existia o Arraial ou Vila do Pereira, um pequeno povoado criado pelo donatário da Capitania da Baía de Todos os Santos, Francisco Pereira Coutinho.Sua história está intimamente ligada à de um outro personagem: Diogo Álvares Correia, o Caramuru. Quando Francisco Pereira chegou, em 1536, já encontrou Caramuru vivendo pacificamente com os índios na área compreendida, hoje, entre o Farol e o Porto da Barra. Ele mantinha relações matrimoniais com várias índias, como era de costume na tribo, e teve 10 filhos com elas.Francisco Pereira Coutinho não conseguiu fazer a capitania prosperar e ainda teve um fim trágico: foi devorado pelos índios tupinambás. Com a morte do donatário, Caramuru continuou cuidando da povoação junto com sua gente. Quando Tomé de Souza desembarcou, este era o cenário. Não seria natural erguer a cidade-fortaleza onde já existia a vila? Diante das exigências de segurança impostas pelo rei, esta possibilidade foi imediatamente descartada. A Vila do Pereira, agora rebatizada como Vila Velha, ficava muito próxima ao mar e isso facilitaria invasões estrangeiras. Tomé de Souza ordenou que sua armada partisse para o outro lado da cidade onde encontraria, pouco depois, o local que escolheria para construir Salvador. Por que a cidade não foi construída em Itapagipe?
Série Especial: Assim nasceu Salvador/Foto: Península de Itapagipe. Data não identificada/Fonte: Arquivo Histórico Municipal de Salvador/FGM/Pesquisa: Amo a História de Salvador – By Louti Bahia
O sítio de Itapagipe chegou a ser seriamente avaliado pelo Governador Geral, Tomé de Souza, e pelo Mestre das Obras, Luis Dias, como um dos possíveis locais para a construção de Salvador. A região era de grande beleza natural, possuía um clima ameno e boas condições de navegação. Até mesmo o aspecto de defesa, a princípio, foi avaliado de forma favorável em alguns pareceres que depois foram vencidos e o local acabou sendo considerado vulnerável às invasões estrangeiras.Por que a cidade começou a ser construída na parte alta?

Série Especial: Assim nasceu Salvador/Foto: Frontispício de Salvador, 1908/Fonte: Arquivo Histórico Municipal de Salvador/FGM/
Pesquisa:Amo a História de Salvador – By Louti Bahia

Salvador foi a primeira cidade planejada do Brasil. As chamadas “traças e amostras”, desenhos originais da cidade, vieram de Portugal sob os cuidados do Mestre das Obras Luis Dias. Além destes documentos, o regimento do rei estabelecia alguns critérios e continha uma determinação: a escolha de um terreno frontal à Baía de Todos os Santos, com “termo e limite de 6 léguas para cada parte”. Era clara a intenção de fazer a cidade crescer.O regimento também estabeleceu critérios relativos à segurança contra ataques por terra e mar, facilidades portuárias, requisitos higiênicos (abundância de água, iluminação, ventilação, alimentos, etc) e facilidade de comunicação por via aquática, a única maneira de se dirigir a Portugal.Coube a Tomé de Souza e Luís Dias a decisão do local onde a cidade foi erguida. Por isso o terreno foi escolhido na parte alta, sobre uma escarpa com cerca de 60 metros de altura acima do nível do mar que resolvia bem a defesa no lado oeste. No lado leste, o Vale do Ribeiro, atualmente a Baixa dos Sapateiros, também funcionava como elemento de defesa, especialmente contra ataques indígenas. Ao norte e sul, dois acidentes topográficos nas regiões onde hoje existem o Taboão e a Barroquinha formavam “gargantas” que também garantiam maior segurança. Todos os critérios estabelecidos pelo rei foram levados em conta mas o terreno escolhido tinha evidentes vantagens no quesito segurança quando comparado às demais opções. E assim, Salvador começou a ser construída na parte alta. Você já tinha imaginado Salvador cercada por uma enorme muralha?
Série Especial: ASSIM NASCEU SALVADOR/Ilustração: Planta da Cidade do Salvador da Bahia de Todos os Santos, início do século XVII/ Fonte: “Evolução Física de Salvador”, Fundação Gregório de Mattos, 1998/ Pesquisa: Amo a História de Salvador – By Louti Bahia
Como dissemos nas postagens anteriores, o cuidado com a defesa contra ataques de estrangeiros e índios era um dos pontos fundamentais na construção de Salvador. Após a escolha do terreno, o Governador Tomé de Souza ordenou ao Mestre Luis Dias a construção de muralhas bem fortificadas e feitas de pau-a-pique, o melhor material disponível naquele momento. Depois de erguidas, as muralhas foram armadas com a artilharia trazida de Portugal.Só se podia entrar em Salvador através de duas grandes portas. No lado sul, a Porta de Santa Luzia, localizada onde hoje existe a Praça Castro Alves e o São Bento. No lado norte, a Porta de Santa Catarina, onde hoje existe o Carmo. Além de fortificadas, as muralhas foram erguidas com base numa moderna forma construtiva desenvolvida na Itália (Traçado Italiano) utilizando baluartes ou fortificações em formato de estrela. Alguns relatos históricos afirmam a existência de dois baluartes voltados para o mar e outros quatro voltados para os lados da terra.A primeira capital do Brasil: de 1549 a 1763
Série Especial: ASSIM NASCEU SALVADOR/Foto: Praça Tomé de Souza ou Praça Municipal. Data não identificada/ Fonte: Arquivo Histórico Municipal de Salvador/FGM/Pesquisa: Amo a História de Salvador - By Louti Bahia
Salvador foi concebida para ser o lugar do Governo Geral da colônia, o núcleo básico de exploração econômica, o centro de comércio interno e externo, a distribuidora do que viesse da Europa.Seguindo as regras dos Tratados Italianos do século XV, desenhos ainda vigentes nas construções de então, a cidade deveria foi concebida de forma geométrica regular e com um centro de comando.E assim, a Praça Tomé de Souza, mais conhecida como Praça Municipal, foi construída em 1549, junto com os dois principais prédios públicos da cidade: a Casa de Audiência e Câmara, atual Câmara Municipal de Salvador, e o Palácio do Governo, atual Palácio Rio Branco.A nossa cidade foi o centro político e administrativo do Brasil até 1763.Ela nasceu como Casa de Audiência e Câmara
Série Especial: ASSIM NASCEU SALVADOR/ Foto: Paço Municipal. Data não identificada/Fonte: Arquivo Histórico Municipal de Salvador/FGM Pesquisa: Amo a História de Salvador – By Louti Bahia
A atual Câmara dos Vereadores nasceu, em 1549, como Casa de Audiência e Câmara. Na construção original, uma das primeiras da cidade, as paredes eram de taipa e o telhado de palha. Em 1551, foi reconstruída no mesmo local, mas desta vez com pedra, com cal e coberta por telhas. Foi quando passou a ser chamada de Casa da Cadeia e Câmara.Ao longo da história, foram inúmeras reformas, demolições e reconstruções. Em 1660, foi totalmente reconstruída. Em 1696 ganhou uma torre abobadada, uma nova sala de audiência e novas salas de segredo. Em 1795 foi reformada e ganhou uma cadeia, uma enfermaria e uma cisterna. Entre 1885 e 1888, ganhou nova fachada com gradis de ferro entre as arcadas, teve a antiga torre substituída por um torreão e o seu sino foi substituído por um relógio elétrico. Em 1970, época em que abrigava a Prefeitura de Salvador, teve sua fachada novamente reformada numa tentativa de restaurar o estilo colonial original.Foi daqui que o Brasil começou a ser governado
Série Especial: ASSIM NASCEU SALVADOR/Foto: Palácio do Governo, 1793 e 1942/Fonte: Arquivo Histórico Municipal de Salvador/FGM Pesquisa: Amo a História de Salvador – By Louti Bahia
Durante 214 anos Salvador foi a capital do Brasil (1549 a 1763). Além de ter sido a primeira, foi também a que exerceu a função por mais tempo: o Rio de Janeiro foi capital por 197 anos (1763 a 1960) e Brasília está completando apenas 55 anos (1960 a 2015).Este fato histórico ficou especialmente marcado pela presença de uma construção na praça principal da cidade: o Palácio do Governador, atual Palácio Rio Branco.No século XVI, quando Salvador foi concebida, as cidades planejadas eram ortogonais regulares e tinham como elementos comuns uma praça principal de frente para uma Casa de Câmara e Cadeia. Só Salvador nasceu com o terceiro elemento, um palácio que além ser o centro de comando da colônia e o local de despacho oficial, era também a residência do Governador Geral Tomé de Souza. Erguido em 1549 pelo Mestre Luis Dias, foi originalmente construído com taipas mas dois anos depois foi reconstruído em alvenaria de pedra e cal, coberto com telhas. Durante toda a história, passou por muitas reformas, demolições e reconstruções. Em 1558, ganhou uma torre para defesa. Em 1663, foi totalmente reconstruído. Em 1888, passou por nova reforma. Em 1890, foi outra vez reconstruído e ganhou fachada em estilo neoclássico.Salvador foi bombardeada pelos canhões do Forte São Marcelo, em 1912, a partir de uma ordem absurda do Presidente Hermes da Fonseca, inimigo político de Ruy Barbosa. A parte central e a ala esquerda do Palácio foram destruídas e a Biblioteca Pública, que funcionava no local, perdeu preciosos livros e documentos históricos. O Palácio passou por nova reconstrução e foi reinaugurado em 1919 com uma cúpula em concreto armado. Passou a se chamar Palácio Rio Branco em homenagem ao Barão do Rio Branco.O Palácio do Governador ainda passou por reforma em 1949 e permaneceu sendo a sede do Governo da Bahia até 1979, quando a mesma foi transferida para o CABA primeira ermida da cidade
Série Especial: ASSIM NASCEU SALVADOR/Foto: Igreja da Conceição da Praia. Data não identificada/Fonte: Arquivo Histórico Municipal de Salvador/FGM/Pesquisa: Amo a História de Salvador – By Louti Bahia
Em 1549, ano da fundação de Salvador, o padre Manuel da Nóbrega já pregava na igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, nome escolhido em homenagem à padroeira do Governador Tomé de Souza. Era ainda uma pequena ermida, uma igreja fora das muralhas da cidade e construída em taipa. Muito diferente da atual construção.Nos seus arredores, parte baixa da cidade chamada de “Bairro da Praia”, foram erguidas as oficinas dos artífices e dos obreiros, além de depósitos e da primeira casa de alfândega, já construída com pedra, barro, cal e telhas. Os trabalhadores passaram muito tempo sem conseguir construir suas casas. Para dormir, desciam a escarpa e voltavam para as naus ancoradas.Naturalmente, esta parte da cidade acabou concentrando maior movimento e se desenvolvendo mais rápido. Nos primeiros anos, tinha mais casas e mais população que a parte alta.As primeiras ladeiras de Salvador
Série Especial: ASSIM NASCEU SALVADOR/Ilustração: Á direita da imagem, a Ladeira da Conceição, 1625./ Fonte: Guia Geográfico Salvador Antiga/Pesquisa: Amo a História de Salvador – By Louti Bahia
A primeira ladeira construída em Salvador foi a da Conceição, ainda em 1549. A obra do Mestre Filipe Guilhem ligava a Praça do Palácio (atual Praça Municipal) ao Baluarte São Tome. Descendo pela encosta, ela mudava de direção e seguia mais ou menos o trajeto da atual Ladeira da Conceição.Em função do grande declive, ela não se mostrou apropriada para os carros-de-boi. Foi então que o Mestre Jorge Dias foi incumbido de construir a segunda ladeira, concluída em 1550. Este novo caminho partia da Porta de Santa Luzia (atual Praça Castro Alves) e seguia pelos traçados das atuais Ladeiras da Gameleira e da Preguiça. Este último nome tem uma origem curiosa. Como a ladeira tinha menor declividade, era usada pelos carros-de-boi. Como os animais subiam de forma muito lenta, carregando grandes pesos, a ladeira ganhou o famoso nome pelo qual até hoje é conhecida: Ladeira da Preguiça.

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