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Os Estados Unidos, país considerado uma das maiores potências mundiais, vive hoje uma de suas maiores crises econômicas desde a Segunda Guerra Mundial. O país ultrapassou o limite de sua dívida pública, que é de US$ 14,3 trilhões, e agora quer aumentar esse valor para US$ 16 trilhões. A crise econômica ganhou contornos políticos e gerou muitas discussões entre democratas e republicanos. Os democratas, partidários do presidente Barack Obama, que são maioria no Senado, defendem o corte de despesas e o aumento nos impostos, principalmente entre os cidadãos mais ricos. Já os republicanos, que são oposição e maioria na Câmara dos Deputados, também é a favor do corte de gastos, mas não no orçamento da Defesa. A diminuição de gastos atingiria, então, áreas sociais, como o serviço de saúde. Em relação aos impostos, os republicanos são totalmente contrários a qualquer aumento. Uma ala mais radical do partido, conhecida como Tea Party, acredita que quanto mais capital os ricos conseguirem acumular, melhor. Esse capital poderia ser investido em negócios que beneficiariam a economia, gerando emprego e renda para toda a população. Depois de semanas de reuniões e discussões, a Casa Branca e o Congresso americano conseguiram estabelecer um acordo para aumentar o limite da dívida pública. Segundo o acordo, o governo poderá aumentar imediatamente, o teto da dívida em US$ 400 bilhões. Até fevereiro de 2010, o teto poderá ser elevado em mais US$ 500 bilhões. Inicialmente, não haverá aumento nos tributos. Mas o corte de gastos será realidade a partir de outubro. A previsão é que, em dez anos, o déficit público seja reduzido em US$ 917 bilhões. É provável que isenções de impostos sejam retiradas e aconteçam cortes no orçamento da Defesa. Os recursos sociais aplicados na saúde e na previdência social – junto com a Defesa, saúde e previdência social são as áreas com mais gastos - estão assegurados.
O que é o teto da dívida pública? É o limite de quanto o governo pode pegar emprestado. Para entender melhor, vamos comparar o teto da dívida com o cheque especial. Quem gasta mais do que ganha usa o cheque especial para cobrir suas dívidas. Se o valor liberado pelo cheque especial não for pago, a dívida aumenta e juros são aplicados. Quando o débito chega ao limite do cheque especial, o endividado recorre ao banco e pede que o limite de crédito seja ampliado. E é isso que os Estados Unidos fizeram ao pedir ao aumento do teto da dívida pública. De acordo com a Constituição americana, o Congresso é responsável por autorizar ou não o endividamento federal.
Crise em 2008 Há três anos, o mundo passou por uma crise econômica sem precedentes que endividou muitos governos e ainda causa efeitos negativos nas bolsas. Os problemas começaram nos EUA, que já estava em recessão desde 2001, após o estouro da bolha das empresas “ponto com”. O país cortou taxas e, como consequência, aconteceu um boom no mercado imobiliário. Os fundos bancários se interessaram pelas dívidas hipotecárias. Em 2006, os preços dos imóveis e as taxas de juros não paravam de subir, e os mutuários não conseguiam pagar. A desconfiança do mercado se espalhou pelo mundo e, no início de 2010, a Europa foi bastante atingida, sobretudo Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha. A Grécia foi o país de maior evidência. O déficit público do país, de 12,7% do Produto Interno Bruto (PIB), foi mais de quatro vezes maior do que o permitido. Para conter a crise, a Grécia adotou medidas como o corte de salários, ajustes de aposentadorias e redução nos gastos do governo.