icone de busca
iBahia Portal de notícias
CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE
ESPECIAIS

Ilê Axé Opó Afonjá: terreiro é símbolo de resistência do Cabula

O lugar é um dos símbolos da resistência cultural dos descendentes dos negros escravizados em Salvador

foto autor

Redação iBahia

24/10/2017 às 14:02 • Atualizada em 31/08/2022 às 21:09 - há XX semanas
Google News iBahia no Google News
Oferecimento

Foi em 1910, há 107 anos, que Eugênia Anna Santos (a Mãe Aninha Obá Biyi) fundou o terreiro Ilê Axé Opó Afonjá na Rua Direta de São Gonçalo do Retiro, na casa de número 557, no bairro do Cabula. E quando ela o fez, talvez não soubesse a importância histórica que o lugar ganharia nas décadas seguintes, vindo a ser tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 28 de julho de 2000. O seu nome significa Casa da Força sustentada por Xangô.

O lugar é um dos símbolos da resistência cultural dos descendentes dos negros escravizados em Salvador. Também conhecida como Casa de Xangô, o terreiro se tornou o segundo templo de cultura afro-brasileira a receber o status de patrimônio nacional – o que mostra a sua importância não apenas em Salvador, mas em todo o Brasil.

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

Leia também:

Foto: Reprodução

A Casa de Xangô está situada em uma área de 39 mil metros quadrados, que abrange não apenas o templo religioso, mas edificações de uso habitacional e a Escola Eugênia Anna dos Santos. Além disso, o Museu Ilê Ohum Ilailai e a Biblioteca Ikojppo Ilê Iwe Axé Opô Afonjá também estão situados no local. A maior parte do terreno, porém é destinada a uma área de vegetação densa – uma das poucas no bairro do Cabula.

Fundação e história
O Ilê Axé Opó Afonjá foi fundado por Mãe Aninha, que comandava um grupo dissidente do Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho. Devido à topografia do lugar, as edificações foram construídas de modo mais ou menos linear, usando as áreas mais planas da cumeada.

Mãe Aninha comandou o terreiro até 1938, quando veio a falecer. Ainda durante o período em que estava no comando, foi criada a Sociedade Civil da Santa Cruz, com o intuito de manter o trabalho do Axé e também representá-lo civilmente. Com a morte de Mãe Aninha, foi Mãe Senhora quem assumiu o comando do lugar, seguida por Mãe Ondina e finalmente Mãe Stella de Oxóssi, que comanda o terreiro desde 1976.

O candomblé praticado no Xangô é de rito Ketu, de nação Nagô, ou seja, possui descendência Iorubá, oriundo da região da Nigéria, Benin e Togo.

Atualmente, a Casa de Xangô tem a importância de formação, preservação e difusão da memória e da história dos africanos no Brasil. Uma dessas difusões acontece por meio da Escola Eugênia Anna dos Santos, municipalizada em 1998, onde também se ensina o Iorubá e a História da África.

Além disso, o Museu Ilê Ohum Ilailai, fundado em 1981, e a Biblioteca Ikojppo Ilê Iwe Axé Opô Afonjá, fundada em 1996, são outros importantes centros de preservação da história do terreiro e dos africanos no Brasil.

Importância e tombamento
Mãe Aninha foi a responsável pela liberação legal do culto aos orixás. Em 1936, ela foi até o Rio de Janeiro, onde conseguiu uma audiência com o então presidente Getúlio Vargas. Foi por causa dessa audiência que, em 1939, foi proclamado o Decreto 1.202, que retirou dos municípios o poder de repressão direta aos terreiros e à capoeira.

O tombamento aconteceu em 28 de julho de 2000 e garantiu que o terreiro continuasse no local. Além disso, agora há um impedimento para que as construções ali sejam demolidas, o terreiro passou a compor patrimônio e garantiu o direito de ser preservado para as próximas gerações. O tombamento garantiu também que o terreiro passe por intervenções para manter a sua integridade com o uso de recursos públicos.

Foto do autor
AUTOR

Redação iBahia

AUTOR

Redação iBahia

Participe do canal
no Whatsapp e receba notícias em primeira mão!

Acesse a comunidade
Acesse nossa comunidade do whatsapp, clique abaixo!

Tags:

Mais em Especiais