Na Bahia, gringos ganham força em app de paquera

Solteiros de plantão, chega de choradeira. A solidão do Dia dos Namorados passou e agora, com a Copa, o mundo está bem mais florido, não perceberam? Pois deem uma olhada no aplicativo de paquera Tinder. A Bahia, por estes dias, conta com reforços internacionais dispostos a algum grau de interação.

Em menos de cinco minutos, dá para fazer uma viagem por França, Espanha, Austrália, Nova Zelândia... Se não quiser ir tão longe, pode optar pelo vizinho Uruguai. E quem gosta de um destino mais exótico ou inusitado não precisa se afundar no brigadeiro de colher: tem até gente da Arábia Saudita.

Parece mentira? Não, não é. O CORREIO fez um tour, conheceu as maiores belezas de cada um desses países e confirmou: só dá gringo e gringa na paquera eletrônica. Do início da semana para cá, o negócio mudou de figura. Em uma hora, a reportagem já tinha 16 combinações (os chamados “matches” do app de celular) com estrangeiros. Quatro foram em cinco minutos.

Sabe aquela história de que figurinha repetida não completa álbum? Pois, imagine que você tem a chance de completar o seu livrinho da Copa com seleções que batem um bolão, mesmo que a Fifa discorde disso.

Entre os moços e moças vestidas com a camisa do Bahia e do Vitória, tem japonês e indiano, em meio a ingleses, franceses, holandeses...

Não se desespere se você não falar o idioma deles – daqui para frente, você só precisa falar uma língua: a do amor. E, de qualquer forma, everybody consegue arranhar no english aqui e ali ou hablar um portunhol.

Também tem aqueles que estão super abertos a encontrar um bom professor ou uma boa professora de português. Além disso, na hora que se encontrarem, a comunicação pode rolar de muitas outras formas.

O corretor de imóveis Alexandre* (nome fictício), 29 anos, é usuário do Tinder há dois meses. Sem fluência nos idiomas estrangeiros, ele precisou superar as barreiras linguísticas para se aproximar de uma designer holandesa que conheceu por meio do aplicativo, no último fim de semana. “O Tinder para mim era um passatempo, interagia pouco. Cheguei a bater uns papos mais sérios, mas nada que resultasse em um encontro de verdade”, conta.

Ao receber a notícia da atração mútua com a usuária de prenome Sarah, ele precisou destravar a língua para manter a conversa com a pretendente. “A gente começou a se falar pelo chat. Como meu inglês é limitado, tinha que usar o tradutor do Google durante as conversas. Por fim, convidei ela para se encontrar comigo”, relata.

Entre o receio da moça em encontrar um desconhecido e as barreiras linguísticas, o encontro foi marcado e a primeira impressão foi a melhor possível. “Era muito engraçado. Falávamos um pouco de inglês, espanhol, mímica... Às vezes desistíamos do assunto por não encontrar uma língua comum, mesmo assim fomos nos gostando. Também acho que essa coisa de atração independe do idioma”, explica o rapaz, entre risos.

Ele garantiu que mesmo interessado pela dinâmica do Tinder, não usará o aplicativo novamente até a partida de Sarah, no final do Mundial. “Vou acompanhar ela nos jogos. Não sei se vamos continuar à distância, mas quem sabe, né? A internet está aí para encurtar as distâncias”, afirma o estudante, que já planeja uma visita a Amsterdã, cidade onde vive sua nova paquera.

Às baianas, uma dica: não se assuste se forem mais assanhadinhos do que os locais. Os estrangeiros vão ficar aqui só por alguns dias ou, no máximo, algumas semanas. Ou seja: tem que ser jogo rápido, sem perda de tempo. “You're gorgeous!” (“Você é deslumbrante”), disse um francês à repórter, logo depois de um tímido “Olá” em português.

Um holandês foi ainda mais direto: queria dicas de lugares onde estão previstas exibições públicas dos jogos de hoje – depois de uns 15 minutos sem resposta, ele não se segurou. “Se não tiver nenhum lugar legal, assisto na sua casa”.

Nem os conservadores árabes andam se comportando – um moço da Arábia Saudita deu até ultimato. Se não rolar encontro hoje, tem que ser antes de segunda-feira.

Enfim, talvez não dê para encontrar o grande amor da vida e um relacionamento à distância pode ser complicado. Ainda assim, o Tinder gringo pode ser uma ótima opção para torcer pelo Brasil muito bem acompanhado.

A invasão dos estrangeiros no Tinder não ocorre apenas por estas bandas, mas também em todas as cidades-sede. De olho na invasão gringa, a designer Carolina Chang, 28 anos, criou o tumblr Tinder da Copa (tindernacopa.tumblr.com). A página conta com prints das usuárias do aplicativo por todo o país, que ao encontrar um boy magia importado, enviam a imagem para o endereço eletrônico [email protected].

Até o momento, o site colaborativo já soma mais de 200 posts, sendo que a intensidade das contribuições aumentou expressivamente com o início do Mundial. Matéria original: Correio 24h Na Bahia para ver o Mundial, gringos ganham força em app de paquera