Paulinho da Viola se apresenta hoje no Largo do Pelourinho

O Ministro do Samba está de volta a Salvador: Paulinho da Viola, que ganhou o referido título em uma canção do sambista baiano Batatinha (1924-1997), se apresenta no Largo do Pelourinho hoje, às 20h. E samba é o que não vai faltar a quem for ao Pelô nesta noite, que terá ainda Roberto Mendes, Samba Chula João de Boi e Riachão, no mesmo palco. Em outras ruas do Pelourinho estarão sambistas da velha guarda baiana, como Walmir Lima e Firmino de Itapuã.Paulinho, que esteve em Salvador no final de 2013 para se apresentar no Largo de Santo Antônio, diz que está muito feliz em vir à Bahia pela primeira vez durante o Carnaval: “Talvez por estar sempre muito envolvido com a Portela, e ainda que já tenha cantado em carnavais de outras cidades fora do Rio, nunca estive em Salvador nessa festa tão grandiosa. Recebi esse convite com muita honra e imensa alegria”.Repertório Para o show, avisa Paulinho, o repertório será diferente daquele do Santo Antônio, afinal tem que estar em harmonia com o período de festas: “Estamos no Carnaval, então vai ter essencialmente muito samba, principalmente aqueles que não deixo de cantar. É muita coisa de meu repertório e também de outras escolas. Vai ter desde as mais antigas, como Recado, Argumento e Sei Lá, Mangueira, além de outras mais recentes, como Talismã (composição de Paulinho com Marisa Monte e Arnaldo Antunes)”.O carioca lembra que tem uma relação próxima com a Bahia, a começar pela homenagem que lhe foi feita por Batatinha, em Ministro do Samba, cujos versos enalteciam Paulinho: “O samba bem merecia/ Ter ministério algum dia/ Então seria ministro Paulo César Batista Faria”. Modesto, ele diz que passaria o cargo a Cartola ou ao próprio Batatinha.Profundo conhecedor da história do samba, Paulinho diz que a Bahia tem papel essencial na formação do gênero que se firmou no Rio de Janeiro e, lá, tornou-se símbolo do Brasil: “O samba foi levado para o Rio por baianos. O samba do Recôncavo, por exemplo, foi reproduzido por João da Baiana, Donga e Pixinguinha. A chula influenciou o Rio e manteve-se intocado na Bahia. Os baianos que vieram para o Rio e viveram na região da Estácio foram essenciais na formação do samba. Tia Ciata é uma dessas baianas”.Sem “mania de passado”, como diz em seu clássico samba Argumento, Paulinho aceita as mudanças no Carnaval: “Eu sou sambista, mas no Rio hoje a turma mistura tudo. Aqui, tem blocos até de música sertaneja e vale tudo. Não é só samba e marchinha e tem até o Bloco do Sargento Pimenta, que toca rock”. Torcedor símbolo da Portela, o sambista não vê sua escola ser campeã desde 1984, quando dividiu o título com a Mangueira. Continua torcendo, mas só de longe, sem participar do dia a dia da escola, como fazia até a década de 70.“Mais ou menos em 1978 me afastei da Portela, por discordar de certas coisas que aconteciam, mas sobre as quais não gostaria de falar, porque é uma história muito longa”. O compositor reconhece e aceita algumas mudanças que aconteceram no desfile das escolas de samba, mas não concorda com a aceleração do ritmo do samba: “Isso realmente me incomoda”, diz, taxativo.Aos que aguardam por novas composições, Paulinho, que não grava um álbum de inéditas desde 1996, dá uma centelha de esperança: “Tenho muita coisa pronta, mas não gravei porque estou em entendimento com a Sony (gravadora). E costumo fazer muita coisa também enquanto estou no processo de gravação. Mas eu não sou de compor todo dia. Tenho outro ritmo”.