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Uma boa notícia para a população de Salvador: em 98% do tempo, o índice de qualidade do ar da cidade tem se mantido bom “Por causa dos ventos que vêm do mar, a condição de Salvador no que se refere à dispersão de partículas é excelente”, atesta Eduardo Fontoura, gerente de monitoramento do ar da Cetrel, empresa de Proteção Ambiental do Polo de Camaçari, que monitora o ar. Mas a dádiva da natureza tem um custo, e não só para os baianos, mas para todo e qualquer ser humano que consuma produtos industrializados – ou seja, a grande maioria da humanidade.É que, para manter o estilo e a qualidade de vida a que o homem se acostumou e que não consegue mais dissociar do seu dia a dia, as indústrias precisam produzir – e, em maior ou menor grau, muitas delas emitem gases e partículas poluentes que, para serem conservados em níveis toleráveis, têm que ser tratados com tecnologias especiais.“É um investimento necessário para tornar o processo sustentável, já faz parte do negócio. Trata-se de um item do processo produtivo”, diz Fontoura. O custo desse item varia de acordo com o segmento industrial. Os que exigem mais investimentos nessa área são siderurgia, química e petroquímica e metalurgia e mineração. Para produzir aço, combustíveis, os mais diversos tipos de plásticos, tintas, vernizes e uma infinidade de materiais presentes em praticamente tudo que nos rodeia é necessário investir no controle da qualidade do ar.Nas grandes e médias cidades, independentemente de haver ou não indústrias no perímetro urbano, o preço a pagar vem das emissões dos veículos alimentados por combustíveis fósseis, isto é, a gasolina, o óleo diesel e o GNV, principalmente por causa do enxofre produzido. O etanol, vindo da cana-de-açúcar e de outras fontes vegetais, não produz enxofre.“Isso tem um custo econômico alto em termos de faltas ao trabalho por doenças respiratórias associadas à má qualidade do ar, perda da qualidade de vida e mortes”, comenta a engenheira especializada em Custo Ambiental e de Saúde, Simone Miraglia, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A especialista cita estudo realizado em São Paulo, na década de 1990, sobre o impacto da poluição do ar na saúde da população. “O resultado obtido, de 28.212 anos de vida perdidos e vividos com incapacidades, anualmente, demonstra a importância econômica da poluição do ar. Traduzido em unidade monetária, o resultado foi de US$ 208.884.940. Esses resultados proporcionaram um valor preliminar e subdimensionado do ônus das doenças promovidas pela poluição do ar, uma vez que o trabalho abrangeu apenas um segmento da população”, observa. Atualmente, Simone participa de um estudo sobre a qualidade do ar em seis capitais brasileiras – São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Recife. Belo Horizonte e Curitiba.
Empresas investem na redução de gases No Brasil, há exemplos de empresas que investem em processos mais sustentáveis. A Braskem, por exemplo, desde 2007 começou a medir a emissão de gases do efeito estufa. Até o ano passado tinha reduzido em 13,6% a emissão desses gases. O resultado foi alcançado graças a investimentos em eficiência energética, à descontinuidade de algumas operações que eram intensivas em emissões e a outras melhorias operacionais. Com a troca de máquina neste ano, a expectativa é uma redução ainda mais sensível na emissão de CO2 dos processos dos produtos. A Petrobras reservou até 2015 investimento de US$ 976 milhões em projetos de eficiência energética e redução de emissões de gases do efeito estufa. O objetivo é reduzir em 65% a intensidade da queima de gás natural em tocha nas operações de exploração e produção; reduzir a intensidade de emissões de gases de efeito estufa nas operações de exploração e produção, de refino e na operação das usinas termelétricas. As empresas do setor de florestas plantadas, de papel e celulose, como Veracel, Suzano e Fibria, também investem em tecnologia e preservam o meio ambiente ao absorver o carbono em alta quantidade. O setor estima que as florestas absorvem 200 toneladas de carbono ao ano por cada hectare. Há ainda a preservação de 50% das áreas de fazenda.
Entenda o que é uma economia de baixo carbono O que é a economia do baixo carbono? É uma nova vertente que busca o crescimento econômico com o mínimo de impacto no ecossistema. Isso significa que, ao produzir um novo produto, seja utilizada toda a tecnologia e inovação para reduzir seu impacto no ambiente ao longo de toda a cadeia produtiva, diminuindo as emissões de CO2, o consumo de água, a utilização de combustíveis fósseis, entre outros.
Quais as vantagens para as empresas em investir em baixo carbono? As empresas que investirem em novas tecnologias para redução do seu impacto ambiental no planeta serão também pioneiras em identificar novos riscos e oportunidades decorrentes da alteração do clima, o que gera reconhecimento e ganhos de competitividade a longo prazo, apontam os especialistas.
Quais as obrigações do Brasil perante a economia de baixo carbono? Apesar de não ter uma meta estabelecida no Protocolo de Kyoto, assim como todos os países em desenvolvimento, como a Índia e a China, o Brasil instituiu, em 2009, a Política Nacional de Mudanças Climáticas, que estabelece como meta a redução das emissões nacionais de gases de efeito estufa entre 36,1% e 38,9% até 2020.
Outras metas: - redução de 80% dos índices anuais de desmatamento na Amazônia Legal em relação à média verificada entre os anos de 1996 a 2005; - recuperação de 15 milhões de hectares de pastagens degradadas; - ampliação do sistema de integração lavoura-pecuária-floresta em 4 milhões de hectares; - expansão do plantio de florestas em 3 milhões de ha.