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As palavras chaves são planejamento e integração. Projetar, a longo prazo, uma sinergia logística através de um sistema multimodal de transportes, interligando portos, rodovias e ferrovias para alavancar a economia baiana e facilitar o escoamento da produção dos principais pólos econômicos do Estado. Desenvolver, para as próximas décadas, um projeto de infraestrutura para melhorar a trafegabilidade em ruas e avenidas, e um sistema de transporte integrado entre metrô, BRT e ônibus para desembaraçar a mobilidade urbana em Salvador e Região Metropolina. Estas foram as premissas defendidas durante o Agenda Bahia, realizado nesta quinta-feira (4), no auditório da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), no Stiep.Fruto de uma parceria entre o grupo da Rede Bahia e a Fieb, o encontro – que está em sua segunda edição – tem como objetivo reunir visões de diversos segmentos (públicos, privados, acadêmico e terceiro setor) para pensar a Bahia para o futuro e manter o ritmo de crescimento da economia baiana e a sua posição na economia nacional. Nesse primeiro dia, o tema discutido foi Infraestrutura, com foco em portos e mobilidade urbana. “A Agenda Bahia tem como finalidade pensar a Bahia para o futuro, ou seja, ver quais são as nossas deficiências, nossos problemas e discutir soluções para que possamos manter o ritmo de crescimento da economia baiana”, ressaltou o presidente da Rede Bahia e um dos idealizadores do projeto, Antonio Carlos Júnior.O evento, que se iniciou pela manhã, foi aberto pelo governador Jaques Wagner, que apresentou algumas das melhorias feitas na infraestrutura do Estado. “A infraestrutura é sempre um desafio maior, e ainda mais, pelo momento positivo que a Bahia e o Brasil estão vivendo, tendo um desenvolvimento na taxa de 6, 7,5%, como foi no ano passado. “Nos primeiros 4 anos de governo, trabalhamos 4 mil quilômetros de estrada e mais de 6 mil km foram restaurados. Já em Salvador, fizemos o Complexo Viário 2 de Julho, a Via Expressa, estamos preparando todo o trabalho para a mobilidade urbana para a Copa, que eu espero até amanhã (hoje), poder publicar o resultado da PMI (Proposta de Manifestação de Interesse, divulgada pela Secretaria Estadual de Planejamento no último dia 21 de junho) foi feita”. Em seu discurso, o governador admitiu que “o Brasil abandonou durante muito tempo a questão do planejamento” e, como o país, a Bahia também não fez o dever de casa. Segundo ele, agora é a vez de correr contra o tempo e elogiou a realização pela segunda edição do Agenda Bahia para o fortalecimento da democracia para o confronto e a construção de ideias, desafios e parcerias que contribuam ao desenvolvimento da economia baiana. Portos Mais uma vez, o governador defendeu o uso de recursos privados para modernizar os portos de Salvador e Aratu, e viabilizar o Porto Sul – ainda no papel, mas prevista para entrar em operação em 2013, na região de Ilhéus. “Nós temos o desafio dos portos. Realmente, por essa falta de planejamento anterior, temos ainda portos, particularmente, públicos deficientes. Se depender apenas do gosto do governador, porque não depende, o porto é federal e há uma legislação, eu faria uma concessão para a iniciativa privada para poder rapidamente alavancar o que ainda falta”, explicou.Quanto às permanentes críticas de que a Bahia vem perdendo significativamente investimentos do governo federal para o estado vizinho, Pernambuco, Wagner rechaçou o argumento considerando-o como “dicotomia”. “Há quem gosta de olhar para a galinha do vizinho, mas, para aqueles que gostam, é importante dizer que o Porto de Suape (PE) foi um presente de outros sete governadores. Ele foi construído durante 25 anos e porto não se faz do dia para a noite. Não vou estabelecer disputa no Nordeste, eu trabalho com os outros oito governadores”. Segundo o governador, a Bahia tem potencial para entrar na competição, mas, para isto, é necessária uma política regional para cada estado e não a “costumeira” guerra fiscal – instrumento estadual para a atração de investimentos. “Precisamos ter incentivos federais para que empresas instalem aqui. Se eu não quero guerra fiscal, que é um instrumento que o governo do Estado tem para trazer as empresas, tenho que ter uma política nacional. Aí, eu acho que cabe ao governo federal fazer essa política de preferência pelo desenvolvimento do Norte e Nordeste”. Para exemplificar, Wagner ressalta os portos de Santa Catarina e Espírito Santo, chamado de “corredor de importação”, que segundo ele, o governo federal “não deveria dar vantagem para quem traz produto de fora”.De acordo com Wagner, o complexo Baía de Todos os Santos, incluindo os portos públicos e privados, movimentou, no ano passado, R$ 40 milhões/toneladas – quatro vezes mais que o segundo porto do Nordeste e um terço do que movimentou o Porto de Santos. Já o porto de Suape, conforme o petista, movimentou 10 milhões/toneladas, portanto, não perde para a Bahia, cujos dois portos estaduais (Salvador e Aratu) movimentaram juntos 9 milhões/toneladas. “A minha posição é clara: não vejo obrigatoriedade em porto ser público, tendo alfândega, por que não? Temos que acelerar com investimentos privados, mas a legislação não permite, apenas arrendamentos (e não concessão). Temos que nos debruçar nas MPs”, disse, se referindo às medidas provisórias no Congresso Nacional para tentar mudar a atual realidade e conseguir a abertura dos portos.