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'Você percebe que não está sozinho no mundo', diz 'Tavião'

Youtuber vem a Salvador para participar do Painel Atitude Digital, que será realizado entre os dias 17 e 19 de agosto

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Redação iBahia

15/08/2018 às 16:39 • Atualizada em 30/08/2022 às 21:18 - há XX semanas
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Otávio Albuquerque é youtuber desde a época em que o termo não existia. Co-criador do canal "Rolê Gourmet" e criador do "Coisas que nunca vivi ou evitava viver" (CQNVOEV), tem rodado o mundo, vivenciado experiências e experimentado pratos na série "Coisas que nunca comi ou evitava comer" (CQNCOEC) e vem a Salvador participar do Painel Atitude Digital, na CAIXA Cultural, no dia 19 de agosto. Em conversa com o portal iBahia, ele revelou algumas curiosidades da sua carreira, profissão, YouTube e coisas da vida.

Foto: Reprodução

iBahia: Otávio, o seu canal fala de coisas muito pessoais. Como você escolhe os temas que serão abordados?

Otávio Albuquerque: 'Coisas' é um canal bem pessoal, sobre coisas que estão sendo relevantes para mim no momento. Não quero que seja um canal que seja sobre a minha pessoa, então tento falar daquilo como um todo, de forma que todas as pessoas possam se identificar. Consigo me aproximar das pessoas que estão vivendo pela primeira vez aquelas coisas e, por mostrar uma fragilidade que já tive com a mesma experiência, o público sente.

iB: Até que ponto é "ok" um influenciador expor a vida na internet?

Otávio: Eu separo muito o que considero a vida pessoal do que é o trabalho na net. Por mais que seja pessoal, falo de temas conceituais, subjetivos. Há coisas que nunca mostrei, por exemplo. Não gosto de mostrar a minha esposa, expor a minha opinião política e religiosa. Posso até falar do que foi a minha experiência pessoal, mas jamais vou escancarar o que não quero. Tenho uma concepção de que coisas que não quero que as pessoas opinem, guardo pra mim. Quanto mais você expor, mais vão se interessar, e isso tem um custo. Tenho alguns amigos influenciadores e vejo como pagam o preço. Sempre separei muito bem as coisas.

iB: O 'coisas que nunca comi ou evitava comer' roda o mundo e você já trabalhou, durante muito tempo, com tradução. Já pensou em internacionalizar o conteúdo? Gravar em outras línguas?

Foto: Reprodução
Otávio: Já existiu uma ideia de levar o 'coisas que nunca comi', mas não acho que funcionaria muito bem. Trabalhei com empresa "gringa" e tinha que falar inglês 24 horas e, apesar de falar bem, não tinha aquela especificidade brasileira. Falo muita coisa no diminutivo, por exemplo, sopinha, garfinho, coisa de quem é do interior de Sorocaba... E isso pode se perder em um vídeo em inglês. O nosso jeito de ser é muito específico e levar para uma outra língua tiraria a humanidade do conteúdo. Já vi outros projetos que tentaram levar o conteúdo para um outro público e não ficou tão legal.

iB: Casos recentes como o de Cocielo e de Everson Zoio têm algum "benefício" para os youtubers ou só servem para enfraquecer o grupo?

Otávio: Estes movimentos são necessários para profissionalizar. Servem para mostrar o poder e responsabilidade que os criadores de conteúdo têm nas mãos. É a dor do crescimento. Cada vez que isso acontece, serve pra chamar a atenção. Um grande exemplo: até pouco tempo as pessoas podiam fumar no ônibus e tudo o mais, mas hoje em dia é inadmissível, impensável. É a mesma coisa com a internet. Vamos olhar para trás e ver o tanto de coisas que a gente fazia e pensar "que triste". Tudo é complicado, mas necessário para a profissionalização.

iB: Qual é o papel do criador de conteúdo na formação dos jovens do futuro?

Foto: Reprodução
Otávio: Muitas vezes a gente olha pro YouTube e pensa em jovem, mas a mesma dinâmica funciona para todo mundo. O que as pessoas querem é se identificar com o outro, ter algo em comum. É simples olhar para trás e pensar que os nossos ídolos eram o que? Uma banda, um autor de livro. Pessoas distantes de você. Hoje em dia, não. São pessoas iguais a você, que jogam videogame, assistem vídeos, conversam besteira, que mostram que você não está sozinho no mundo. A internet proporciona isso, pesquisar qualquer coisa e se conectar com todo mundo, chegar em uma comunidade que até então era desconhecida . Muita gente fala "tá lendo um livro, mas é de YouTuber", mas não deixa de ser um livro! É o primeiro passo. Essa mesma criança vai crescer e consumir outros conteúdos.

iB: Você viaja o mundo pelo CQNCOEC, mas nem sempre os pratos são tão bem "apresentados". Você come tudo por obrigação ou curte experimentar coisas novas?

Otávio: Eu gosto de tudo, de verdade. Teve pouca coisa que comi que realmente não gostei, mas experimentei sem nenhum tipo de problema. A história por trás da comida é uma das coisas mais ricas que existe e, pra mim, o coisas que nunca comi é o projeto dos sonhos. Posso conhecer novas culturas e pessoas, pouca coisa me assusta. Por incrível que pareça as coisas que mais me assustaram vieram daqui mesmo: a buchada de bode e o chouriço.

iB: Você sempre se envolveu em diversos projetos. Este modo de vida já te prejudicou?

Otávio: Eu costumava fazer tudo e não cuidava de mim, fiz isso por muito tempo. Trabalhei durante quinze anos, nunca tirei férias. Ocupei cada segundo da minha vida com trabalho. Hoje em dia olho pra trás e vejo que não era saudável, então dei um ponto final no ano passado, quando percebi que tinha me tornado o tipo de pessoa que sempre detestei. Decidi me aposentar de um estilo de vida. Resolvi cuidar da minha cabeça, da minha saúde. Vejo muitos amigos que estão na mesma que eu e isso sempre tem um custo. Consegui fazer muita coisa, isso é fato, mas paguei um custo muito alto.

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iB: Você produzia conteúdo para o YouTube e acabou contratado na empresa. Como foi a experiência de trabalhar no Google?

Otávio: Foi incrível e muito difícil. Traz uma perspectiva de como pensar nas coisas. Trabalhar em uma empresa como o Google faz com que você tenha uma performance mental de alto nível. Me fez participar de coisas incríveis, viajei, foi uma escola fenomenal. Não é uma disneylandia como vendem por aí, não é uma colônia de férias, e como toda empresa tem metas e uma grande estrutura. Foi muito interessante passar três anos ali, mas percebi que aquele não era o meu universo. Foi como um "Coisa que nunca vivi" que levou três anos, vi que aquilo não é pra mim.

O Painel Atitude Digital será realizado entre os dias 17 e 19 de agosto, na CAIXA Cultural. A entrada é franca e sujeita à lotação do espaço. Otávio Albuquerque vai participar da mesa "Interações sociais e comunidades". Você encontra mais informações clicando aqui.

*Sob a supervisão do repórter Luiz Almeida.

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