Otávio Albuquerque é youtuber desde a época em que o termo não existia. Co-criador do canal "Rolê Gourmet" e criador do "Coisas que nunca vivi ou evitava viver" (CQNVOEV), tem rodado o mundo, vivenciado experiências e experimentado pratos na série "Coisas que nunca comi ou evitava comer" (CQNCOEC) e vem a Salvador participar do Painel Atitude Digital, na CAIXA Cultural, no dia 19 de agosto. Em conversa com o portal iBahia, ele revelou algumas curiosidades da sua carreira, profissão, YouTube e coisas da vida.
iBahia: Otávio, o seu canal fala de coisas muito pessoais. Como você escolhe os temas que serão abordados?
Otávio Albuquerque: 'Coisas' é um canal bem pessoal, sobre coisas que estão sendo relevantes para mim no momento. Não quero que seja um canal que seja sobre a minha pessoa, então tento falar daquilo como um todo, de forma que todas as pessoas possam se identificar. Consigo me aproximar das pessoas que estão vivendo pela primeira vez aquelas coisas e, por mostrar uma fragilidade que já tive com a mesma experiência, o público sente.
iB: Até que ponto é "ok" um influenciador expor a vida na internet?
Otávio: Eu separo muito o que considero a vida pessoal do que é o trabalho na net. Por mais que seja pessoal, falo de temas conceituais, subjetivos. Há coisas que nunca mostrei, por exemplo. Não gosto de mostrar a minha esposa, expor a minha opinião política e religiosa. Posso até falar do que foi a minha experiência pessoal, mas jamais vou escancarar o que não quero. Tenho uma concepção de que coisas que não quero que as pessoas opinem, guardo pra mim. Quanto mais você expor, mais vão se interessar, e isso tem um custo. Tenho alguns amigos influenciadores e vejo como pagam o preço. Sempre separei muito bem as coisas.
iB: O 'coisas que nunca comi ou evitava comer' roda o mundo e você já trabalhou, durante muito tempo, com tradução. Já pensou em internacionalizar o conteúdo? Gravar em outras línguas?
iB: Casos recentes como o de Cocielo e de Everson Zoio têm algum "benefício" para os youtubers ou só servem para enfraquecer o grupo?
Otávio: Estes movimentos são necessários para profissionalizar. Servem para mostrar o poder e responsabilidade que os criadores de conteúdo têm nas mãos. É a dor do crescimento. Cada vez que isso acontece, serve pra chamar a atenção. Um grande exemplo: até pouco tempo as pessoas podiam fumar no ônibus e tudo o mais, mas hoje em dia é inadmissível, impensável. É a mesma coisa com a internet. Vamos olhar para trás e ver o tanto de coisas que a gente fazia e pensar "que triste". Tudo é complicado, mas necessário para a profissionalização.
iB: Qual é o papel do criador de conteúdo na formação dos jovens do futuro?
iB: Você viaja o mundo pelo CQNCOEC, mas nem sempre os pratos são tão bem "apresentados". Você come tudo por obrigação ou curte experimentar coisas novas?
Otávio: Eu gosto de tudo, de verdade. Teve pouca coisa que comi que realmente não gostei, mas experimentei sem nenhum tipo de problema. A história por trás da comida é uma das coisas mais ricas que existe e, pra mim, o coisas que nunca comi é o projeto dos sonhos. Posso conhecer novas culturas e pessoas, pouca coisa me assusta. Por incrível que pareça as coisas que mais me assustaram vieram daqui mesmo: a buchada de bode e o chouriço.
iB: Você sempre se envolveu em diversos projetos. Este modo de vida já te prejudicou?
Otávio: Eu costumava fazer tudo e não cuidava de mim, fiz isso por muito tempo. Trabalhei durante quinze anos, nunca tirei férias. Ocupei cada segundo da minha vida com trabalho. Hoje em dia olho pra trás e vejo que não era saudável, então dei um ponto final no ano passado, quando percebi que tinha me tornado o tipo de pessoa que sempre detestei. Decidi me aposentar de um estilo de vida. Resolvi cuidar da minha cabeça, da minha saúde. Vejo muitos amigos que estão na mesma que eu e isso sempre tem um custo. Consegui fazer muita coisa, isso é fato, mas paguei um custo muito alto.
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iB: Você produzia conteúdo para o YouTube e acabou contratado na empresa. Como foi a experiência de trabalhar no Google?
Otávio: Foi incrível e muito difícil. Traz uma perspectiva de como pensar nas coisas. Trabalhar em uma empresa como o Google faz com que você tenha uma performance mental de alto nível. Me fez participar de coisas incríveis, viajei, foi uma escola fenomenal. Não é uma disneylandia como vendem por aí, não é uma colônia de férias, e como toda empresa tem metas e uma grande estrutura. Foi muito interessante passar três anos ali, mas percebi que aquele não era o meu universo. Foi como um "Coisa que nunca vivi" que levou três anos, vi que aquilo não é pra mim.
O Painel Atitude Digital será realizado entre os dias 17 e 19 de agosto, na CAIXA Cultural. A entrada é franca e sujeita à lotação do espaço. Otávio Albuquerque vai participar da mesa "Interações sociais e comunidades". Você encontra mais informações clicando aqui.
*Sob a supervisão do repórter Luiz Almeida.
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Redação iBahia
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