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Entre tantos botões, basta apertar o mais de cima, à esquerda |
Esqueça turbo, abertura de asa, kers, nada disso tem a capacidade de alterar o desempenho de um motor de forma tão gritante quanto o "push to pass" (aperte para passar) na Stock Car. Guardadas as proporções da Fórmula 1 para um campeonato de marcas, o ganho de potência na maior categoria do automobilismo nacional é absurdo. E decide várias corridas. Ano passado, em Salvador, o piloto Allam Khodair precisava ganhar três posições para ir à Superfinal, hoje extinta do regulamento. "Consegui completar essas ultrapassagens na última curva, deixando Daniel Serra para trás em um local da pista que nem é considerado ponto de ultrapassagem", lembra Khodair, que usou o push to pass. A diferença de velocidade é tamanha que o baiano Patrick Gonçalves, contratado este ano para a categoria principal da Stock, levou um susto quando acionou o botão de ultrapassagem pela primeira vez. "Resolvi acionar pra saber como era e achei que ia me aproximar do piloto da frente na reta. Acabei passando dois carros com um push só", garante.
Como funciona - Ao contrário do que se possa pensar, o push to pass não se trata de nenhum aditivo despejado no motor. Na verdade, a potência das máquinas, estimada em 580 cavalos, é reduzida através de um dispositivo eletrônico. Quando acionado o botão, o push libera a aceleração total, acrescentando até 100 cavalos. Numa pista como a do CAB, a velocidade pode passar de 210 km/h a 230 km/h, mas em Curitiba, onde está amaior reta do campeonato, os carros alcançam 250 km/h. O número de vezes que o dispositivo pode ser acionado varia de acordo com a etapa e só é definido na véspera da prova. A expectativa em Salvador é de que sejam liberados 12 usos. Quem opta por "queimar" o push na classificação do grid tem menos chances de usar na corrida. Independentemente da classificação, o primeiro acionamento acontece na largada. "Na largada todo mundo usa", garante Átila Abreu, piloto bicampeão no circuito de rua de Ribeirão Preto e terceiro lugar em Salvador em 2011. Nonô Figueiredo é outro que sabe fazer bom uso do push. Nas provas de 2012, apesar de não largar na frente, Nonô tem conquistado várias posições na pista, que lhe valem a sexta colocação no campeonato. Para ele, acionar o botão no momento certo é fundamental. "Normalmente acontece em uma reta, para ultrapassar, para não ser ultrapassado ou simplesmente virar um tempo mais rápido e fugir do piloto de trás", ensina.
*APERTE PRA PASSAR1 CALCULE A DISTÂNCIA | 2 QUEM GUARDA TEM |
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O push to pass leva 5 segundos para entrar em ação e dura 12 segundos. Antes de acionar, o piloto precisa avaliar a distância para o carro da frente. Uma vez acionado, não tem volta e se estiver muito próximo da curva ou não conseguir a ultrapassagem, terá que frear e perder a tentativa. | Usar o push na classificação é permitido, mas é preciso avaliar o benefício que ele pode trazer. Basta usar uma vez no treino para ter o número de acionamentos, em média 12, reduzido para quatro na corrida. Se a distância para os líderes não for muito grande, é melhor guardar para usar na prova. |
3 INTERVALO | 4 COMBUSTÍVEL |
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Após cada acionamento o piloto tem que esperar dois minutos para poder usar o push to pass outra vez. É comum usar o botão para ultrapassar e perder a posição na volta seguinte. Por isso, vale mais tentar fazer um bom tempo sem o recurso e guardar as tentativas para mais próximo do fim. | Não é problema. Como neste ano não há abastecimento de combustível durante a prova, todos os carros largam com quantidade suficiente de etanol para completar a corrida. Usar ou não o dispositivo do push to pass não faz diferença no consumo do carro. Pode apertar o botão sem pena. |
Aceleração extra garante emoção nas disputas por posição na pista