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A expansão aeroportuária não consiste apenas em investimentos em aeroportos, mas também no espaço aéreo. Essa é a grande preocupação das empresas que hoje atuam no transporte aéreo comercial brasileiro para atender os turistas que devem desembarcar no país durante a Copa do Mundo em 2014. De acordo com o presidente-executivo da Trip Linhas Aéreas, José Mario Caprioli, R$ 5,5 bilhões para realizar as reformas nas cidades-sede da copa é pequeno e acredita que o governo federal deve repensar os investimentos no setor ou novos problemas poderão ocorrer no ano seguinte à Copa de 2014. “O famoso jeitinho brasileiro não funciona em relação à expansão de infraestrutura aeroportuária até 2014. O aumento do tamanho das aeronaves ocasionou a paralisação do serviço em diversas cidades atendidas por vôos regulares, por isso, deve-se ampliar o pátio nos aeroportos, principalmente, naqueles que receberão os jogos da copa, mas não é só isso. O controle do espaço aéreo brasileiro também deve ser expandido, permitindo o aumento do número de pousos e decolagens”. Na Bahia, segundo Caprioli, a empresa tem investido na interiorização do mercado doméstico de aviação. “A empresa vê na Bahia um estado promissor, receptivo ao setor aéreo como se pode ver no projeto desenvolvido a quatro mãos pelo governo do Estado e a Trip para a interiorização da malha aérea”. A partir de Salvador, a Trip possui dez destinos: Ilhéus, Porto Seguro, Lençóis – que passa a atender a partir desta quinta-feira (29) –, Vitória da Conquista, Petrolina/Juazeiro, Aracaju, Belo Horizonte, Vitória e Rio de Janeiro, fazendo 42 pousos e decolagens por dia. Caprioli afirma que o objetivo da empresa é tornar o aeroporto Luis Eduardo Magalhães um hub (conexão entre principais aeroportos domésticos e internacionais), fazendo 60 pousos e decolagens por dia em 2 anos. O próximo destino que deverá ser contemplado com a política de interiorização é Barreiras, que deve entrar em operação entre 3 e 6 meses. A Trip – que segundo o dirigente está presente em 85 municípios de 21 estados e do Distrito Federal – tem como objetivo seguir a tendência mundial (como sua sócia, Skywest) e voar para vários municípios médios e pequenos, além de alimentar e receber passageiros nas grandes cidades. Entretanto, parafraseado Carlos Drummond de Andrade (No meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio do caminho), Caprioli afirma que o grande desafio para que isto aconteça será a expansão da malha viária brasileira por parte do governo federal.
Debate Durante o debate “Como um grande evento esportivo pode transformar um destino turístico”, mediado pela editora-executiva do Agenda Bahia, Rachel Vitta, o secretário estadual de Turismo, Domingos Leonelli – como na entrevista exclusiva ao Correio –, evitou polemizar com a prefeitura sobre os problemas de infraestrutura de Salvador para a Copa do Mundo 2014. Novamente, ao ser questionado sobre a situação das praias, do Pelourinho e do Elevador Lacerda, o gestor preferiu sair pela tangente e disse que o governo do Estado possui uma atuação limitada, mas lembrou que a primeira grande intervenção se deu na época do então governador João Durval (hoje senador) e a partir dali houve ações pontuais. “A partir disso, as barracas foram para os extremos, ou estava na mão de grandes empresários ou estavam sem condições de atender corretamente o público. A sua retirada talvez tenha sido de forma abrupta, mas aí podemos pensar numa intervenção com a colaboração do governo do Estado”. Quanto ao Pelourinho, Leonelli afirmou que o governo do Estado e a prefeitura estão com um plano de ação conjunta para revitalizar o cartão postal. “O Pelourinho é o nosso ‘calo’, nosso problema. Apesar da SSP (Secretaria Estadual de Segurança Pública) dizer que a área é mais policiada da América Latina, não é essa sensação que temos e devemos ter. Agora, o governo estadual, como a prefeitura, tomou uma iniciativa positiva em criar uma espécie de gerenciamento de dona-de-casa diário do Pelourinho”. Já o presidente da Saltur (Empresa Turismo Salvador), Claudio Tinoco, anunciou que a prefeitura possui um projeto de investimento para a Copa 2014 orçado em R$ 70 milhões e está aberto ao diálogo com o governo estadual para discutir uma forma de implementá-lo, já que o município possui apenas um orçamento de R$ 2 milhões para 2012 e não possui capacidade de endividamento. “Temos de unir esforços para resolver estes e outros problemas que afetam o turismo em nossa cidade. Já mapeamos os sete pontos mágicos para que possamos a partir deles buscar estratégias de investimentos. Na Agenda Bahia do ano passado, nós chegamos a conclusão que precisávamos de planejamento. Hoje estou aqui com o projeto e precisamos de unir forças para que ele saia do papel”, disse Tinoco se referindo aos três cartões postais de Salvador (praias, elevador e Pelourinho. Com a notícia, Leonelli foi confrontado pela mediadora Rachel Vitta se o Estado estaria disposto de contribuir com o projeto, mas o secretário acabou deixando a pergunta no ar, apenas ressaltando que Salvador tem recebido um grande aporte de investimentos do governo estadual, citando como exemplo a recuperação de casarões no Centro Histórico, a construção Via Expressa Baía-de-todos-os-santos e o projeto Espicha Verão. “O governo do Estado participa obrigatoriamente dos investimentos, já que Salvador é a capital do Estado. Nós já temos cooperado em várias áreas, agora R$ 2 milhões como orçamento do município é muito pouco, não traduz como prioridade como vem sendo defendido pela prefeitura”, retrucou. Durante o debate, Leonelli anunciou ainda que o governo estadual deve revalidar o decreto que prevê incentivos fiscais para a operação de vôos locais, dentro da política de expansão da aviação regional. Editada ainda no ano passado, a medida fez com que fosse ampliada a malha aérea regional com a implantação de novos vôos para Ilhéus, Porto Seguro, Barreiras, Vitória da Conquista e Lençóis. Além de Leonelli e Tinoco, participaram do evento o presidente da Trip Linhas Aéreas, José Mario Capriolli, e a diretora da área de Corporate Finance da Deloitte, Claudia M. Baggio. “Nunca vi tantos investimentos estrangeiros se interessando pelo Brasil. Temos que aproveitar essas oportunidades. Se tivermos bons projetos, teremos bons investidores”, completou Baggio.