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Kika fez cirurgia de redução de estômago há sete anos |
Na maioria das vezes, pra mudar de vida, basta tomar uma decisão. Todo o resto é consequência. Qualquer um pode mudar o seu destino ou pelo menos alterar uma realidade desfavorável. Para a corretora de viagem Kika Mamede, 39 anos, a mudança foi radical. Há sete anos, ela entrou no consultório médico para programar uma cirurgia de redução de estômago. Com 1,61m, pesava 90 quilos e não estava satisfeita. Operou e dois anos depois havia perdido 30 quilos. Mas, sentiu que precisava fazer alguma coisa para evitar que todo o peso perdido voltasse. Na malhação, encontrou o estímulo que precisava. "Tenho dois anjos na minha vida, os dois são Marcos", diz Kika. O primeiro, Marcos Leão, é o cirurgião que a operou, de quem ainda saberemos mais no fim da matéria. O segundo, Marcos Neder, instrutor e dono de academia, deu o primeiro empurrão para Kika se interessar em correr. No clube de corrida, ela não demorou a desenvolver a paixão pelas passadas. Em três meses, a corretora já corria sua primeira meia maratona. Isso mesmo, 21 quilômetros e uns quebrados.
Pelo mundo O gosto pela corrida só aumentava e, três meses depois, Kika corria outra meia, na Disney. Aliando trabalho e diversão, começou a organizar grupos de viagem para destinos cobiçados, seguindo o calendário de provas tradicionais. Assim, ela correu as meias-maratonas de Milão, Paris, Praga, Roma e Berlim. A corrida virou vício e os quilos perdidos jamais ameaçaram voltar. Nem mesmo quando Kika, por motivos médicos, teve que interromper os treinamentos. Hoje, depois de seis meses sem correr, ela voltou a treinar e planeja correr os 42.195 metros de uma maratona no próximo ano. Alguém duvida que ela vai conseguir? Uma boa chance de ir pegando ritmo é a Meia Maratona da Bahia Caixa/CORREIO, a ser realizada no dia 11 de setembro em Salvador. Mas, como só voltou a treinar há dois meses, Kika confessa que ainda não tem certeza se vai aguentar o pique.
Paciente e cirurgião unidos pela corrida |
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Kika e Marcos, da mesa de cirurgia até o asfalto, uma história de amor |
Se alguém dissesse a Kika que o cirurgião responsável por reduzir seu estômago seria, sete anos depois, seu namorado, ela provavelmente daria uma gargalhada. Uma coincidência, dessas que não se explica, fez com que os dois se reencontrassem numa corrida e, depois de muito treinarem juntos, a parceria virou romance.Kika retornou algumas vezes ao consultório de Marcos Leão para revisões da cirurgia. O cirurgião não se surpreendeu quando soube que ela começaria a correr. "A gente sempre aproveita a cirurgia para incentivar hábitos saudáveis", diz Marcos. Mas foi quando ele mesmo resolveu se cuidar que o destino lhe pregou uma peça. Há seis anos, o médico decidiu ouvir os próprios conselhos e parou de fumar. Entrou na academia e corria na esteira. Um dia, sem porquê, decidiu disputar uma "prova boba", de 3 quilômetros, no Itaigara. Gostou e decidiu correr uma de 10 quilômetros. "Nessa prova eu reenconteri Kika", lembra. Entrou, então, no mesmo clube de corrida e, entre uma passada e outra, a parceria deslanchou. "Ter um parceiro de corrida é muito bom, mas se um tiver problema, os dois param", brinca Marcos.
Energia que seduz Na esteira dos grupos formados para corredores, dezenas de viajantes se tornaram clientes de Kika. A maioria começou a seguir o roteiro das provas internacionais apenas pelas vantagens de preço e pela companhia seleta. Muitos, no entanto, não conseguiram ficar só torcendo e, depois de algum tempo, partiram para o asfalto também. Foi o caso da empresária Mônica Fernandez. Depois de viajar para a Itália, França e República Checa, foi na capital alemã Berlim que ela fez sua estreia em meia-maratona. Na verdade, a ideia era correr os 10 quilômetros, mas, após dois meses de treino, Mônica se sentiu tão bem que aceitou o desafio de Kika e correu a prova toda (21 quilômetros), no lugar de outra corredora que desistiu de competir. "O bichinho da corrida me mordeu", diz Mônica, que só corre longa distância na Europa. "No Brasil só corro 5 ou 10 quilômetros, por causa do calor", explica.