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Eles podiam até não estar no estádio, mas não quer dizer que não tenham vibrado muito com os gols da Seleção Brasileira ontem. Não faltou animação para quem conferiu a partida nos telões instalados no Pelourinho e na Ribeira. No Pelô, o som dos tambores do Olodum completava a festa e contagiava até mesmo quem estava longe. “É muito melhor torcer assim. Não tem como não se envolver com essa batida. Olha só esse balanço!”, dizia a doméstica Emanuela Dias, 23 anos, que veio de Cachoeira para curtir a festa.“Adoro o Olodum, mas nunca tinha visto um show deles junto com o jogo do Brasil. É maravilhoso, mas não vou mentir: estou mais pelo Olodum do que pela Seleção”, disse, sem parar de dançar. Já a animadora de eventos Lívia Santos, 24, enumerava os motivos pelos quais preferiu trocar o sofá de casa pelo calor do povo e pelo som do Olodum. “Aqui, a gente dança, curte, bebe e comemora. Enquanto tiver (exibição dos jogos) aqui, estarei aqui. Não tem igual. Daqui, eu só saio quando estiver no resto”, brincou.
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Enquanto isso, o engenheiro eletricista Luiz Neves, 32, curtia cada gol dançando no ritmo do Olodum. “É uma animação diferente. Estamos em contato com a música, com o social e ainda encontramos os amigos”. Para o cantor do Olodum, Mateus Vidal, ver a Seleção em campo com batuque já é tradição. “A gente sempre vai até a Copa. Dessa vez, a Copa veio até a gente. É especial”, contou o músico.
Ribeira - Na Ribeira, um dos locais escolhidos para as exibições públicas oficiais, o clima era de folia em família. O músico Geraldo Cunha, 41, acompanhava os lances do time de Felipão com a mulher, Lívia Cunha, 32, e o filho, João Victor, 3. “Ficamos sabendo através de alguns parentes e viemos conferir. É um projeto interessante, porque acaba integrando os moradores”, disse. Por sua vez, Lívia curtia a animação no local. “Nesses dias de tanto conflito, o futebol é uma alegria. Estou encantada”.
Italianos - Mas não é só de famílias brasileiras que se faz uma exibição pública. Para não faltar ninguém, tinha até uma família de italianos - os Barbieri, vindos de Piacenza para passar férias em Salvador. Com a esposa Nicoletta e a filha Valentina, o italiano Mauro conseguia levar as brincadeiras na esportiva. “Os dois times são bons. Gosto mesmo é de ver o espetáculo”, disse. Segundo um dos responsáveis pela coordenação de marketing da Secretaria Estadual para Assuntos da Copa (Secopa), Luís Guerra, o objetivo da festa na Ribeira era aproximar a comunidade da Copa. “Estamos prestigiando a Ribeira, para que eles também possam aproveitar”. Além da Ribeira, a Secopa organiza exibições dos jogos do Brasil em Cajazeiras.
A poucos metros da Fonte, muitos vêm jogo na TV Nascido e criado na região do Dique do Tororó, Alessandro Natividade, 25 anos, nunca esteve tão perto da Seleção Brasileira e, ao mesmo tempo, tão longe. Os 90 minutos que o Brasil brilhou, ele viu da televisão da sua casa, junto com sua família. Se ele queria ir? “Claro, se o preço fosse acessível, eu estaria lá”, reclama.Ele ainda conta que é interessante ver toda a movimentação na porta de sua casa, mas não acha aceitável a exclusão da população baiana na Copa. “Seria melhor se todos fizessem parte, porque o dinheiro gasto é o nosso”, acrescenta Natividade. Já seu amigo, Rômulo Moraes, 24 anos, estava com dois ingressos em casa, mas não abriu mão de ver a partida ao lado da namorada e dos sogros. “Eu prefiro ver da TV”, afirmou.Quem também estava ao lado da Arena, mas não viu nada, foi o dono do Bar do João, João Carlos Costa, 45, morador há 14 anos no Dique. “Em um dia comum, vendo seis caixas de cerveja. Para hoje (ontem), vendemos 16”, diz Costa sobre o forte movimento do bar. Exatamente pela Seleção ser a razão de tanto movimento, nem passou pela cabeça de Costa estar ontem na Arena. “Gostaria muito de estar lá, claro. Mas fui ver Nigéria e Uruguai e já valeu muito a pena”, lembra. No dia, com o movimento mais fraco, o morador deixou o bar na mão dos funcionários, pagou R$ 20 e pôde conhecer a vizinha Fonte Nova.