Goleiro da seleção disputa torneio com astros em fim de carreira

A média de público da Major League Soccer (MLS) em 2013 foi de 18.807 pagantes, superando aos 14.951 do Brasileiro do mesmo ano. A fórmula do campeonato é semelhante à do basquete da NBA, com os clubes separados em conferências Leste e Oeste em partidas de março a outubro de uns contra os outros. Os classificados vão aos mata-matas em ida e volta, exceto a final, com jogo único, em novembro. Embora a MLS seja o campeonato de futebol dos EUA, dois clubes canadenses estão entre os 19 que formam a liga: o Impact, de Montreal; e o Toronto FC, da cidade de mesmo nome e onde atua Júlio César.

O camisa 12 da Seleção Brasileira e número 30 do Toronto estreia a série de perfis dos 23 convocados para a Copa que o CORREIO apresentará diariamente a partir de hoje - a lista oficial para a Copa do Mundo será divulgada amanhã pelo técnico Luiz Felipe Scolari, no Rio. As apresentações terminam no dia 26 de maio, a data de início dos treinos na Granja Comary, em Teresópolis.

Júlio César atua no Toronto emprestado pelo QPR, de Londres, clube que defendeu por quase dois anos e pelo qual foi rebaixado à 2ª divisão inglesa na temporada 2012/13. “Eu falei com ele (Felipão) para vir nos visitar, para ver o centro de treinamento e a estrutura, ver um jogo da MLS”, disse o brasileiro em entrevista ao site do clube canadense sobre um telefonema no dia 26 de abril. “Vi num site que ele foi a Londres para ver jogadores, esteve na Alemanha e eu fiquei com ciúme”, brincou.

Desta passagem pela Europa, o técnico do Brasil já confirmou publicamente mais cinco convocados: o zagueiro David Luiz, o volante Ramires e os meias Oscar e Willian, todos do Chelsea; e o volante Paulinho, do Tottenham. O zagueiro Thiago Silva, do PSG, e o atacante Fred, do Fluminense, são outros garantidos.

Destino - A escala na MLS teve duas razões: a má adaptação ao futebol inglês e a negativa em reduzir, aos 34 anos, o salário. A saída foi se unir a outros astros em fim de carreira, como o francês Henry, do New York Red Bull; o irlandês Robbie Keane, do Los Angeles Galaxy; ou o nigeriano Oba Oba Martins, do Seattle Sounders.

A MLS, privada e onde os donos de clubes também são acionistas, começou em 1996 e ganhou projeção mundial com a contratação do inglês Beckham pelo Galaxy. Na próxima temporada, a novidade será o Orlando City Soccer, do brasileiro Flávio Augusto da Silva. Kaká, do Milan, e o espanhol Iniesta, do Barcelona, já admitiram: pretendem jogar nos EUA no futuro próximo, pois querem continuar a viver um tempo no país após a aposentadoria.

No caso de Julio César, porém, não era um projeto de vida. Jogar torneio de nível técnico inferior e estar fora dos holofotes são situações opostas à que o goleiro passou na Copa de 2010. O atleta chegou à África do Sul como o melhor goleiro do mundo em eleição da Fifa e defendia a Inter de Milão, pentacampeã italiana e campeã da Liga dos Campeões em 2009/10. Dividia vestiário com o holandês Sneijder, o camaronês Eto’o, além do técnico José Mourinho. Quatro anos depois, vê como estrela do Toronto o inglês Jermaine Defoe, que tem como parceiro de ataque o outro brasileiro do time, Gilberto, ex-Portuguesa e Santa Cruz.

Fase - Julio César participou de sete partidas e sofreu sete gols, sendo dois de pênalti. Soma três vitórias e quatro derrotas - a última no domingo, por 2x1, para o New England Revolution. O Toronto está em 7º lugar entre os 10 clubes da Conferência Leste, mas tem jogos a menos. O líder é o Sporting Kansas City, atual campeão, com 14 pontos, empatado com o Revolution e o Red Bull. Os cinco primeiros avançam aos mata-matas, mas a fase classificatória se prolonga até outubro. Antes da Copa, o goleiro fará mais quatro jogos na MLS. “O que eu mais notei foi o nível de organização. Os estádios estão sempre cheios, eu não esperava isso”. E quem esperava te ver em Toronto, Júlio César? Matéria original: Jornal Correio* Goleiro disputa competição com astros em fim de carreira e que tem mais torcida que o Brasileirão