Não é de hoje que a ciência debate que a exposição precoce dos seres humanos aos germes ou micróbios são determinantes para a imunidade a alergias, como asma e rinite, e doenças autoimunes na vida adulta. Esse conceito de construção da imunidade, que viria da infância, coloca a higiene como fator determinante - a falta ou exagero dela. Ao longo dos anos, médicos associavam a “hipótese da higiene” com o aumento global das doenças alérgicas e auto-imunes, em especial, nas áreas urbanas. Da mesma forma que relacionava o aparecimento dessas doenças com as mudanças ambientais e de sociedade, que passou a ter acesso aos antibióticos administrados logo no começo da vida. Mas pesquisadores do Hospital Brighman and Womans, em Boston, realizaram um estudo que fornece, de fato, evidências de que a higiene pode ter relação com a imunidade a certas doenças. O resultado foi publicado na versão online da revista Science Express na última quinta-feira (22). Para se chegar a essa conclusão, o grupo de pesquisadores estudou o sistema imunológico de camundongos desprovidos de bactérias, comparando-os com camundongos que viviam em um ambiente normal, com total acesso aos germes. Eles descobriram que os ratos livres de germes adquiriram uma forte inflamação nos pulmões, assim como asma e colite. A causa seria a hiperatividade de uma classe única de células T (do sistema imunológico) que tinha sido previamente associada a essas doenças tanto em ratos como em seres humanos. Além disso, os pesquisadores descobriram que ao expor os ratos “limpinhos” aos micróbios durante as primeiras semanas de vida, e não depois de se tornarem adultos, normalizou o sistema imunológico e contribuiu para a prevenção dessas doença. Proteção que se mostrou de longo prazo. "Esses estudos mostram a crucial importância do condicionamento imune por micróbios durante os primeiros períodos de vida", disse Richard Blumberg, chefe da Divisão de Gastroenterologia, Hepatologia e Endoscopia do Hospital Brighman and Womans Opinião semelhante ao do co-autor sênior do estudo, Dennis Kasper, que afirmou que “Agora também conhecemos um mecanismo que permitirá aos cientistas identificar os fatores microbianos importantes na determinação da proteção contra doenças alérgicas e auto-imunes em períodos mais tardios da vida." À luz das descobertas, os pesquisadores alertam que mais pesquisas ainda são necessárias em seres humanos.
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