O ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Laurent Fabius, anunciou hoje (21) ter "convocado imediatamente" o embaixador dos Estados Unidos em Paris, Charles Rivkin, depois da divulgação das informações sobre a interceptação pela Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA, na sigla em inglês) de comunicações na França.
"Convoquei imediatamente o embaixador dos Estados Unidos, que será recebido ainda esta manhã no Quai d'Orsay [Ministério dos Negócios Estrangeiros francês]", declarou Laurent Fabius, ao chegar a uma reunião de chefes da diplomacia da União Europeia (UE) em Luxemburgo.
"Esse tipo de práticas entre parceiros, que atingem a vida privada, é totalmente inaceitável. É preciso garantir, muito rapidamente, que deixem de ser realizadas", disse o chanceler. Ele reage às informações divulgadas no site do jornal francês Le Monde, de acordo com o qual a NSA fez 70,3 milhões de registros de dados telefônicos de franceses durante um período de 30 dias, entre 10 de dezembro de 2010 e 8 de janeiro deste ano.
O site do Le Monde cita documentos do ex-funcionário de uma empresa que prestava serviço para o governo dos Estados Unidos Edward Snowden, divulgados em junho.
Em entrevista à rádio Europe 1, o ministro do Interior francês, Manuel Valls, descreveu como "chocantes" as revelações do jornal Le Monde, adiantando que vão ser pedidas "explicações detalhadas às autoridades norte-americanas nas próximas horas". "Se um país amigo, um país aliado, espia a França ou espia outros países europeus, isto é completamente inaceitável", disse Valls.
A NSA dispõe de vários modos de compilar informação, de acordo com o Le Monde. Quando alguns números de telefone são usados na França ativam um sinal que desencadeia automaticamente o registo de algumas conversas.
Esse tipo de vigilância recupera também as mensagens enviadas por telefone (SMS) e o conteúdo, em função de palavras-chave. De uma forma sistemática, a NSA conserva o histórico das ligações de cada alvo, informou o jornal.
Os documentos apresentam explicações suficientes para permitir pensar que os alvos da NSA são pessoas suspeitas de ligações com atividades terroristas, indivíduos ligados ao mundo dos negócios, da política ou da administração francesa.
Os gráficos da NSA mostram uma média de interceptações de 3 milhões de dados por dia, com picos de quase 7 milhões de 24 de dezembro de 2012 a 7 de janeiro deste ano, segundo o jornal.
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