O Conselho Nacional Sírio (CNS), que reúne diversos grupos contrários ao governo, pediu que Moscou e Pequim reconsiderem a decisão. Rússia e China deram ao governo sírio "licença para matar" com o veto à proposta de resolução da Organização das Nações Unidas (ONU), segundo ativistas da oposição.
"O CNS considera ambos os países responsáveis pelo agravamento das mortes e genocídio, e considera este passo irresponsável uma licença para que o regime sírio mate sem ser responsabilizado", disse uma declaração divulgada pelo grupo. A ativista iemenita e vencedora do Prêmio Nobel da Paz Tawakul Karman também disse que os dois países passaram a ter responsabilidade moral pelas mortes na Síria.
A Rússia e China, membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, rejeitaram a proposta de resolução que defendia "uma transição política, liderada pela Síria, para um sistema político democrático e plural". O veto já havia sido duramente criticado por diplomatas ocidentais, que se disseram "indignados" e "horrorizados" com a rejeição do texto.
A proposta de resolução - que contava com o apoio dos outros 13 integrantes do Conselho e da Liga Árabe, representante dos países da região - era considerada por analistas como o esforço mais importante feito até agora pela ONU para solucionar a crise na Síria.
A decisão ocorreu em um dos dias mais sangrentos desde o início do levante contra o governo de Bashar al Assad, há 11 meses. Grupos rebeldes e ativistas dizem que um ataque militar contra a cidade de Homs, na madrugada de sábado (4), deixou dezenas de civis mortos.
A mídia estatal síria negou que tenha havido uma ofensiva militar em Homs e acusou a oposição de ter inventado os ataques. A imprensa oficial também elogiou o veto da Rússia e China, alegando que ele será um incentivo para as reformas políticas prometidas pelo governo.
A Rússia é o principal aliado da Síria no Conselho de Segurança da ONU e já tinha declarado que iria vetar a resolução. O ministro do Exterior russo, Sergei Lavrov, criticou a proposta de resolução da ONU que, segundo ele, tinha medidas apenas contra o presidente Bashar al Assad e não previa punições aos grupos de oposição armados.
Lavrov deve se reunir com Assad em Damasco na terça-feira (7), junto com o chefe do Serviço de Inteligência Internacional da Rússia, Mikhail Fradkov. Mohammed Loulichki, embaixador do Marrocos na ONU e único membro árabe do atual conselho da organização, disse que estava profundamente "decepcionado" com o veto da Rússia e China à resolução.
A embaixadora americana na ONU, Susan Rice, declarou que o veto foi "vergonhoso" e mostrou que os russos e chineses "protegem um tirano”. “Qualquer derramamento de sangue estará nas mãos deles", acrescentou.
O enviado da Grã-Bretanha à ONU, Mark Lyall Grant, disse que os britânicos estão "chocados" com a rejeição da resolução. As informações são da Agência Brasil.
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