O Ministério Público Federal (MPF) instaurou um inquérito para apurar possíveis impactos ambientais decorrentes da construção da Ponte Salvador-Itaparica, que irá conectar a capital baiana à Ilha de Itaparica por meio de uma travessia sobre a Baía de Todos-os-Santos.

A portaria que instaurou o inquérito foi assinada pela procuradora da República Vanessa Gomes Previtera na última quarta-feira (23), mas a informação foi confirmada pelo Ministério Público Federal (MPF) ao g1 apenas nesta segunda-feira (28).
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Em nota ao g1, a Concessionária Ponte Salvador – Ilha de Itaparica informou que já foi notificada e solicitou ao MPF o envio de cópia dos autos do processo. Até a manhã desta segunda, porém, não havia recebido retorno. A empresa também afirmou que segue à disposição das autoridades e da sociedade para prestar quaisquer esclarecimentos.
Fim da sondagem

No dia 4 de abril, o Governo da Bahia anunciou a conclusão da etapa de investigação do solo para a construção da Ponte Salvador-Itaparica, que ligará a capital baiana à Ilha de Itaparica sobre a Baía de Todos-os-Santos. Com o fim da sondagem geotécnica, os próximos passos envolvem a finalização do projeto de fundações e a mobilização dos canteiros de obras. No entanto, ainda não há prazos definidos para essas fases.
De acordo com a administração estadual, os estudos de sondagem, que duraram cerca de 12 meses, foram finalizados nesta semana. A análise do solo permitirá definir com precisão o tipo de fundação necessário para a estrutura da ponte.
O governo destacou que esta foi a primeira investigação geotécnica no Brasil a alcançar 200 metros de profundidade — mais de duas vezes e meia a altura do Elevador Lacerda, que tem 72 metros.
A sondagem teve início em terra firme, no município de Vera Cruz, seguiu pelas águas rasas da baía (com até 10 metros de profundidade) e chegou ao canal central, onde foram alcançados 67 metros sob a superfície.
Ao todo, foram perfurados 105 pontos ao longo do traçado previsto para a ponte. As amostras coletadas foram analisadas em um laboratório de tecnologia avançada instalado no canteiro de apoio da obra.

O que foi encontrado
No sentido Ilha de Itaparica-Salvador, a investigação do solo identificou um trecho de dois quilômetros composto por material mais recente, com uma fina camada de sedimentos sobre uma base rochosa considerada de boa qualidade.
Já nos quilômetros seguintes, o comportamento geológico se mostrou distinto, com uma extensa camada de material sedimentar seguida por rochas de baixa resistência, intercaladas com finas camadas de material mais resistente.
De acordo com o Governo da Bahia, essas formações refletem a dinâmica milenar da Baía de Todos-os-Santos e sua diversidade geológica. A região próxima à Ilha de Itaparica tem uma idade estimada em 66 milhões de anos, enquanto o trecho próximo a Salvador remonta a cerca de 241 milhões de anos.

A operação contou com uma complexa estrutura de apoio, incluindo três balsas, uma plataforma de perfuração e um sistema avançado de compensação de ondas — importado da China — que permitiu a realização dos estudos com precisão, mesmo em condições climáticas adversas.
Ainda segundo o governo estadual, o projeto movimentou a economia local com a contratação de mais de 20 empresas baianas, gerando 300 empregos diretos e somando um investimento de R$ 200 milhões.

Redação iBahia
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