O Mindful Eating, atenção plena na alimentação, pode ser uma estratégia para evitar a compulsão alimentar. A prática permite escolhas e experiências alimentares mais conscientes. "É possível mudar sua relação consigo mesmo e com a sua alimentação, tornando-a mais saudável e prazerosa", aponta Luiza Bittencourt, instrutora de Mindful Eating pelo Protocolo Eat For Life.
De acordo com a instrutora, a prática tem inúmeros benefícios, como trabalhar o comer emocional (identificação de gatilhos emocionais e como lidar com eles, gerenciando melhor suas emoções), melhorar a relação com seu corpo (fim de dietas restritivas e alimentos proibidos, além da redução do comer compulsivo), e aumentar a sensação de bem estar, além de melhorar a digestão e absorção de nutrientes, e ajudar na redução de estresse e ansiedade.
Temos nove fomes que são despertadas a partir de certos gatilhos, são elas: fome de ouvido, do tato, a celular, dos olhos, do nariz, do estômago, da boca, da mente e do coração. Cada uma delas tem relação com o que está a em volta e/ou também com o que sentimos, além do que se passa na mente. A seguir, Luiza explica cada uma dessas fomes.
1- Fome de Ouvido: Barulhos também servem como gatilhos para a fome. Pacote abrindo, pipoca estourando, o som de alguém comendo. Perceba os sons de cada alimento e note quais sons te atraem, observando como isso influencia nas suas escolhas. Uma dica mindful aqui é refletir se existe algum alimento que você come por puro prazer de ouvir o barulho ao mastigar, e perceber a quantidade que você consome desse alimento.
2. Fome do Tato: A primeira exploração é feita com as mãos, como uma criança aprendendo a comer. Sentimos a temperatura, a consistência do alimento. Observe texturas como a casca da fruta, por exemplo. Toque, manuseie a comida e perceba quais toques te atraem. É importante sentir a aversão também, as sensações do tato que te desagradam como mãos sujas ou meladas, por exemplo.
O que satisfaz essa fome? Cozinhar é uma boa opção. Uma dica mindful aqui é perceber se algo muda quando você come um sanduíche (ou outro alimento que goste de comer com as mãos) usando garfo e faca.
3. Fome Celular: Comer o que o corpo está de fato pedindo, o que ele precisa. Quando não damos atenção a essa fome, podemos sentir cansaço, dores de cabeça, tontura e irritação. Perceba os sinais de fome no corpo, o que ele está dizendo e respeite essa sabedoria interna, pense no que te faz bem.
O que satisfaz essa fome? Essa fome se satisfaz de nutrientes, elementos essenciais para o organismo (existem uma variedade de alimentos do tipo). Dica mindful: Aprenda a ouvir seu corpo.
4. Fome dos olhos: A visão tem uma enorme influência no que comemos. Mesmo já satisfeitos, pedimos uma sobremesa se ela está nos chamando a atenção. Esse tipo de fome é satisfeita pela beleza. Ou seja, você pode nutrir a fome dos olhos apreciando uma bela paisagem e a natureza, por exemplo.
A dica mindful aqui é olhar bem a refeição/o alimento antes de consumi-lo. Procure notar algo novo naquela comida que talvez nunca tenha reparado antes. Cores, texturas, formas. Observe as escolhas que fez e reflita se foram conscientes ou não.
5. Fome do nariz: Note aromas, cheiros e fragrâncias. Aromas agradáveis despertam essa fome, que possui conexão com memórias afetivas. Perceba quais aromas de alimentos te atraem (pão de queijo assando, pipoca, bolo, temperos, café, etc).
A fome do nariz é satisfeita com fragrâncias, chás, e até essências para o ambiente. Uma dica mindful é levar a comida perto do nariz antes de colocá-la na boca. Feche os olhos e perceba o cheiro, repare como seu corpo responde.
6. Fome do estômago: Quais são os sinais de fome? E de saciedade? Barriga roncando nem sempre é sinal de fome, pode ter relação com ansiedade ou nervosismo, que também podem provocar sensações no abdômen.
O tamanho do nosso estômago pode variar de 50 ML até 4L, e nos satisfazemos entre 1L/ 1,5L. Existem 3 níveis para o estômago: vazio, o "posso comer mais" e o cheio. A autorregulação vem com o corpo se você estiver em contato com ele. Não esqueça de fazer o check in da sua fome: antes de comer, no meio da refeição e ao final. O cérebro leva 20 minutos para registrar a saciedade, então desacelere um pouco na hora de comer. Essa fome é satisfeita pela quantidade certa de alimento consumido.
7. Fome da boca: Observe texturas e sabores, perceba a salivação, a mastigação e os movimentos da língua. Muitas vezes repetimos o prato porque não sentimos o gosto do primeiro direito. Isso ocorre por estarmos sempre comendo correndo e desatentos no momento das refeições.
Essa fome é satisfeita pelas sensações. Se a fome da boca não é satisfeita, ela leva à compulsão. Uma dica mindful aqui é perceber que o nosso paladar também muda, então é importante estarmos sempre abertos a experimentar, dando novas chances aos alimentos.
8. Fome da mente: Essa fome é baseada em nossos pensamentos e no que ouvimos no dia a dia. Regras de dietas, "devo ou não devo?", "é saudável?", entre outras. Envolve o que acreditamos e também o merecimento.
O que satisfaz essa fome? Note se os pensamentos ligados a comida fazem bem para você. Lembre-se sempre de que pensamentos são só pensamentos, e que não são seus inimigos. Não precisa brigar com eles, mas sim aprender a não comprar todas as suas ideias.
9. Fome do coração: O que você come para se confortar? Quais são as comidas que nutrem seu coração? Quais as emoções que estão envolvidas quando come (tristeza, ansiedade?). O comfort food não precisa ser apenas chocolate. Pode ser um café, um chá quentinho, uma fatia de bolo comum, ou alguma comida da sua infância (que traz memórias afetivas).
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Redação iBahia
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