Uma revisão das últimas pesquisas sobre os efeitos das bebidas açucaradas — entre elas refrigerantes e achocolatados — confirma que o seu consumo está diretamente associado ao sobrepeso e à obesidade. Publicado na revista científica “Obesity Facts”, da Associação Europeia para o Estudo da Obesidade (EASO, na sigla em inglês), a investigação leva em consideração os resultados de 30 pesquisas publicadas entre 2013 e 2015, nenhuma delas patrocinada pela indústria, que envolveram, ao todo, 250 mil pessoas. Uma das conclusões é que os países que ainda não têm ações específicas em relação a esse tipo de bebida precisam tomar atitudes urgentes para reduzir o consumo das chamadas “calorias vazias” presentes nelas.
— A base de evidências que liga as bebidas com açúcar à obesidade e ao sobrepeso em crianças e adultos vem crescendo substancialmente nos últimos três anos — afirma Nathalie Farpour-Lambert, presidente da EASO.
Nathalie acrescenta ainda que, quando as evidências são combinadas com este novo estudo, conclui-se algo que pode parecer óbvio: políticas de saúde pública devem visar a redução do consumo de bebidas açucaradas e incentivar alternativas saudáveis, como a água.
— Até agora, ações para reduzir o consumo das bebidas em muitos países são limitadas ou inexistentes — afirma.
Dos 30 estudos que fazem parte da revisão recém-publicada, 20 envolveram crianças e os outros 10, adultos. Quase todos — cerca de 93% — revelaram uma ligação direta entre o consumo de bebidas com açúcar em sua composição e o excesso de peso. Apenas uma pesquisa, feita com crianças, não mostrou nenhuma associação. Um total de 244.651 participantes dos estudos foram incluídos na nova análise. Sobre as localizações geográficas dessas pessoas, 33% estavam na Europa; 23%, nos Estados Unidos; 17%, na América Central ou do Sul; 10%, na Austrália; 7%, na África do Sul; e os 10% restantes no Irã, na Tailândia e no Japão.
A pesquisadora Maira Bes-Rastrollo, da Universidade de Navarra, na Espanha, que também fez parte do grupo responsável pelo estudo, acrescenta:
— Mesmo aqueles países com baixos níveis de consumo de bebidas estão observando aumento nas taxas. A evidência de que as bebidas açucaradas têm efeitos colaterais no ganho de peso ou na obesidade dá a fundamentação para ações políticas urgentes.
Exemplo do México
Os autores da pesquisa apontam o México como um caso de sucesso, já que as vendas desse tipo de bebida no país caíram 12% — houve uma queda ainda mais acentuada, de cerca de 17%, entre as parcelas mais pobres da população. O impacto positivo é resultado do imposto adotado sobre esse tipo de bebida. Mais de 70% do açúcar presente na dieta dos mexicanos vinha desses produtos, especialmente dos refrigerantes.
Um relatório do Euromonitor International indica ainda que pelo menos 19 países já introduziram impostos sobre alimentos e bebidas e que outros pretendem fazê-lo em um futuro próximo, com o objetivo específico de reduzir o consumo de açúcar em 20%, para estar em acordo com as diretrizes da Organização Mundial de Saúde. O Reino Unido é uma dessas nações, que deve implementar a nova taxa em abril do próximo ano.
Os pesquisadores ainda apontam que, para além das taxas, há alguns países que vêm estabelecendo e implementando abordagens interessantes, como limitar a disponibilidade dessas bebidas, incentivar programas de conscientização na mídia e nas escolas, entre outras.
Diante das conclusões trazidas pelo estudo de revisão, os pesquisadores dizem que novas e inovadoras estratégias são necessárias.
— Não há dúvida de que podemos reduzir o consumo e o impacto dessas bebidas, mas precisamos tanto de ações políticas como da cooperação da indústria de bebidas para conquistar isso. Pesquisas futuras devem focar nas seguintes questões: como podemos, efetivamente, reduzir o consumo em diferentes populações? Quais são as responsabilidades da indústria de comida e bebida, de políticos, de instituições de saúde pública, de comunidades e de escolas?
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Redação iBahia
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