O número crescente de casos do novo coronavírus no Brasil aumentou em 1700% a demanda nacional por álcool em gel este ano. O Ministério da Saúde recomenda que o produto seja um complemento à higienização das mãos com água e sabão para evitar a proliferação da Covid-19. A demanda, porém, fez com que as prateleiras onde o produto costumava ficar exposto estejam vazias e as unidades são vendidas logo após a chegada de carregamentos. Para quem precisa se proteger, é necessário tomar cuidado com itens falsificados e seguir recomendações para o uso eficiente do produto que já foi até alvo de fake news.
Como usar álcool em gel
A farmacêutica e assessora técnica do Conselho Regional de Farmácia de SP Amouni Mourad explica que para que o álcool em gel seja eficaz, ele deve ser aplicado sobre uma superfície livre de sujeira orgânica. Ou seja, as mãos precisam estar minimamente limpas para que o álcool chegue ao vírus.
Álcool comum não é eficaz
A melhor escolha para a assepsia das mãos é o produto com concentração de 70% de álcool etílico. Isso porque a versão comum, vendida normalmente em supermercados,evapora rápido demais.
— A concentração de 70% de álcool etílico, o etanol, é a mais eficaz na destruição do vírus. Em concentração mais altas, o álcool evapora rápido demais, o que não é recomendado. O ideal é o 70%, líquido ou spray, e no caso do gel, é sempre importante verificar também essa concentração — esclareceu Rafael Almada, presidente do Conselho Regional de Química.
Segundo Almada, o álcool comum deve ser usado para a desinfecção de superfícies, como bancadas, por exemplo. Para a limpeza de ambientes, também pode ser usado hipoclorito de sódio, a água sanitária.
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Atenção aos produtos falsificados
Para ser comercializado, todo álcool em gel precisa ter registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e seguir o formulário nacional da Farmacopédia Brasileira, que estabelece os requisitos mínimos de qualidade para fármacos, insumos, medicamentos e produtos para a saúde, por exemplo. Os consumidores, portanto, não devem utilizar produtos sem rótulo e de procedência duvidosa.
— Antes de comprar o álcool em gel, ou mesmo líquido, o consumidor deve verificar o rótulo, conferindo informações como a finalidade e se há o registro da Anvisa. A venda de produtos sem rótulo ou fora da embalagem original é proibida. E a população precisa fazer a sua parte não comprando produtos nessas condições e ainda denunciando — alerta Flávio Graça, superintendente de Educação da Vigilância Sanitária.
Evite soluções caseiras
Uma das informações falsas disseminadas em meio a pandemia da Covid-19 é a eficácia do vinagre como antisséptico. Segundo o Conselho Federal de Química (CFQ), a base do produto é o ácido acético, quase ineficaz na destruição de microrganismos.
O CFQ também não recomenda a produção caseira de álcool em gel. Os especialistas alertam que quando se utiliza álcool líquido em elevadas concentrações, há maior risco de acidentes que podem provocar incêndios, queimaduras de grau elevado e irritação da pele e mucosas. Além disso, dependendo dos produtos utilizados para aumentar a consistência, ao invés de eliminar microrganismos uma pessoa pode até potencializar sua proliferação.
A farmacêutica Amouni Mourad alerta para que as pessoas tenham cuidado com receitas que podem machucar a pele das mãos.
— Hipoclorito, por exemplo, é só para superfície, é a água sanitária. Até tem antissépticos à base de iodo, mas esses itens podem agredir as mãos — explica.
Substitutos
Para quem não consegue encontrar o álcool em gel, Amouni Mourad sugere três opções que podem ser usadas para combater o vírus de forma eficaz e também segura para a pele das mãos:
Lenço umedecido com antisséptico
Álcool "swab" — mini lenços usados em laboratórios de análises clínicas e antes de aplicar injeções
Antisséptico em spray com gluconato de clorexidina, ou apenas clorexidina
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Redação iBahia
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