Uma mulher criticou o Colégio Antônio Vieira, unidade de ensino católica de Salvador, por adotar o livro "Pequeno Manual Antirracista" nas aulas de religião. Pelas redes sociais, ela publicou um texto questionando a escolha, que repercutiu nas redes sociais. Djamila Ribeiro, autora do livro, também se pronunciou.
Segundo o texto feito pela mulher, o motivo para a indignação da escolha do livro é porque Djamila Ribeiro é de outra religião, candomblecista. Ela afirmou que a adoção do livro pelo colégio é uma "imposição ideológica" e "doutrinação escancarada".
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"Qual é o objetivo de utilizar uma autora que vem de família de outra religião, no caso específico candomblé? Existe isso qualquer conexão com a fé católica?", diz trecho da publicação.
"Isso é triste pois dentro de um colégio "CATÓLICO", dos mais tradicionais de Salvador, justamente na aula de religião, vemos a imposição ideológica, a doutrinação escancarada", continuou.
O livro de Djamila Ribeiro foi lançado em 2019 e venceu o prêmio Jabuti, o mais importante da literatura brasileira e vem sendo adotado para educação antirracista.
Com a repercussão, a filósofa e autora do livro se pronunciou pelas redes sociais. Ela rebateu o ataque afirmando que vai "contra a instituição brasileira".
"A mãe em questão precisa estudar sobre o contexto social e racial do país, sobretudo vivendo em Salvador, capital do estado com maior população negra no Brasil", escreveu Djamila.
Já o Colégio Antônio Vieira defendeu, em nota, a adoção do livro, afirmando que as questões antirracistas são trabalhadas junto com o projeto político pedagógico da escola. Além disso, que as escolhas seguem fundamentos da Companhia de Jesus e também as diretrizes da Igreja Católica.
"Para nós a educação para as relação étnicos raciais é um imperativo de reconciliação com a justiça", afirmou.
Não há informações se a mulher que escreveu o texto é mãe de algum estudante da instituição.
Outros livros já foram criticados na mesma escola
Anteriormente, o colégio também foi atacado devido a adoção de livros de autores negros e e também de religiões de matriz africana.
Em 2019, um publicitário criticou a escolha do livro "Na Minha Pele" em 2019, do ator e diretor Lázaro Ramos, pela unidade de ensino. Na época, ele afirmou que a obra era um "lixo". O autor e o colégio não comentaram o caso.
"É esse tipo de lixo que as escolas estão empurrando goela abaixo nos nossos jovens. Mandar seu filho ao colégio é uma forma de destruí-lo. Pais, atenção total com seus herdeiros", escreveu o publicitário.
Em 2023, um novo caso. O livro infantil "Amoras", de Emicida, foi alvo de intolerância religiosa praticado pela mãe de um aluno do ensino fundamental da escola.
As páginas do livro foram riscadas com indicações de salmos bíblicos, enquanto informações sobre orixás foram indicadas como "falsas".
Na ocasião, a direção da escola disse que é contra as declarações escritas no livro e assegurou que a obra será reposta, para que os estudantes continuem tendo acesso ao conteúdo do livro.
Nathália Amorim
Nathália Amorim
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