Monárquico e escravista, o Brasil de 1823 era, mais do que nunca, um ambiente hostil para pessoas negras. A insatisfação do povo negro com essa estrutura e a resistência dessa população levou a uma série de revoltas, além da participação ativa dessa parte da população no processo de Independência do Brasil na Bahia.
Em 2023, esse momento histórico completa 200 anos de celebração e rever a narrativa tradicional desse evento é necessário para uma representação mais justa da realidade. Pensando nessa perspectiva revisionista da história, o podcast Calumbi, em parceria com o grupo Arribá o Céu, da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), produziu um episódio dedicado a participação das pessoas negras neste processo revolucionário.
Para compor as discussões do episódio, a produtora cultural Adriana Santana convidou Sandro Augusto Cerqueira Júnior, que é mestre em História da África, da Diáspora e dos Povos Indígenas pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), e Nora de Cássia Oliveira, doutora em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF), para apresentar novas perspectivas desta história.
Segundo os especialistas, rever para quem e o que motivou a Independência é essencial para entender a contribuição do povo negro e como a luta por liberdade desta parcela da sociedade perdura até a atualidade.
Diante dessa reflexão, é possível perceber que as melhorias sociais prometidas durante a revolução da Independência do Brasil na Bahia não chegaram aos povos negros e indígenas. Essas grupos permaneceram subalternizados pela estrutura racista sobre a qual o país foi criado. A insatisfação diante desse cenário levou a outras revoltas baianas como a dos Periquitos, em 1824, e a dos Malês, em 1835.
Esses momentos históricos evidenciam o descontentamento dos negros e negras que, além de ter a contribuição historicamente apagada, continuam a sofrer com as heranças da escravidão.
Escute o episódio “A participação negra nas lutas por Independência" completo abaixo:
