O repórter do portal IG, em meio a uma confusa entrevista coletiva, faz a pergunta mais simples que Jaques Wagner poderia ouvir: “Governador, quais são os partidos de sua coligação?”. Jaques Wagner fez cara de pensativo, começou a mencionar uma a uma as legendas, mas parou na oitava. “Agora não lembro dos menores. Mas o importante é essa grande aliança, formada por dez, 12 ou 14 partidos”, disse Wagner, durante a homologação da candidatura de Nelson Pelegrino para a prefeitura de Salvador, ontem pela manhã. Na verdade, são 14 as legendas que formam o que o PT está tratando como a maior frente partidária que já se montou em uma eleição na Bahia, o que atraiu uma empolgada militância ao Bahia Café Hall, na Paralela, que ficou lotado. Com os 14 partidos juntos, o candidato da frente Todos Juntos por Salvador terá mais de 10 minutos diários na propaganda gratuita no rádio e na TV. A coligação terá entre 400 e 500 candidatos a vereador. Prontamente, os outros candidatos criticaram o “blocão” do PT, que, segundo disseram, foi criado com vistas a cargos públicos. “Quem é oposição tenta botar defeito. Não houve a ideia de formar um ‘blocão’. As conversas e os diálogos foram acontecendo”. Mesmo com a candidatura a vice confirmada na última hora - no final da tarde do dia anterior - o rosto de Olívia Santana, a “negona de Salvador”, como a vereadora é conhecida, já estava estampado ontem de manhã em enormes banners. Seu nome também já era cantado em pelo menos dois jingles. A própria Olívia não acredita que uma aliança tão grande cause futuras disputas internas no governo. “Não é a quantidade de partidos que vai deteriorar um governo. É a falta de comando”.
RaçaNinguém deixou claro que a militância nos movimentos negros por parte de Olívia tenha sido fundamental na escolha da “negona”. Mas não há como negar que pesou o fato de os principais adversários - Kertész e Neto - terem escolhido vices negros e atuantes em movimentos sociais. “Salvador é uma cidade negra, mas ainda temos um apartheid social. Olívia é a cara da cidade”, justificou Pelegrino. “Nosso candidato tem que assumir a multirracialidade que caracteriza Salvador”, apoiou Wagner. A deputada federal Alice Portugal (PCdoB), que havia sido lançada candidata à prefeitura pelo partido, foi à convenção. Mas deixou claro que a decisão de desistir da candidatura própria para apostar no apoio ao candidato do PT não foi pessoal. “A opção foi do partido. O PCdoB não tem escolha pessoal. Meu eleitorado me queria prefeita e não candidata a vice. Por isso, fiz opção de me manter como deputada federal”. Por outro lado, Alice desejou sorte a Pelegrino e a Olívia, a quem chamou de “querida”. “Vou seguir apoiando a candidatura de Pelegrino, apoiando o êxito da minha companheira, querida, Olívia”. Afinados nas colocações, os petistas prezaram pelo discurso da unidade, tendo como referência o governador, maior articulador da aliança. “Não houve pressão alguma para juntar as chapas e desistir da candidatura própria. O que houve foi convencimento político”, afirmou a senadora Lídice da Matta (PSB). GreveAinda que Pelegrino não se mostre preocupado com a imagem arranhada do governador, devido principalmente à greve dos professores, o próprio Wagner concordou que esse vai ser um dos assuntos explorados nas campanhas dos adversários. “Sempre há o risco de criar um clima negativo. Mas eu espero que o eleitor entenda que estamos falando de um projeto para a cidade. Isso independe de reivindicações dessa ou daquela categoria”. Wagner observou também que, se Pelegrino for eleito, será a primeira vez que prefeitura de Salvador, estado e governo federal estarão alinhados. “Nunca conseguimos fazer esse alinhamento. Temos uma guerreira, a ex-prefeita Lídice, que foi prefeita, mas não contou com isso. Foi massacrada”. Entrevista/Nelson Pelegrino ‘Vamos revisar todos os contratos’ Em meio ao tumulto da convenção, Nelson Pelegrino falou das alianças e de seus planos para a cidade. O que acha da crítica de seus adversários sobre o número de partidos na sua aliança?Isso é uma crítica ou é um despeito? Se a gente faz uma frente pequena, eles dizem que não tem apoio. Se a gente faz uma frente representativa, eles criticam também. Na verdade, é disputa política. Felizes de nós que conseguimos organizar esse time. E eu tenho muito orgulho dele. Como se deu essa pressão para que o PC do B abdicasse de candidatura própria?Não houve pressão. Nós dialogamos com o PCdoB como dialogamos com todos os partidos. Eu continuarei buscando a unidade. Todos os partidos vão ter um secretário?Os partidos participarão de nossa administração, como participam de todas as administrações, de todos os projetos políticos. Todos os governos desse país são governos de composição. O que nós vamos exigir dos partidos é que eles apresentem os melhores nomes para que a gente possa governar. Até que ponto as greves enfrentadas pelo governo podem atrapalhar a sua campanha?Nós vamos dialogar. O que está em jogo nesse momento é um projeto para Salvador. Tenho certeza que o eleitor vai decidir a partir disso. Que projeto é esse? Quais são suas prioridades?A primeira providência quando assumir é revisar todos os contratos da prefeitura. Temos que recuperar administrativa e financeiramente Salvador. Assim, a gente terá os recursos e os meios para recuperar a autoridade pública e para fazer os investimentos estratégicos nos planos urbanístico, ambiental e social que a cidade precisa. Fora isso, nossas prioridades são saúde, educação e a contribuição para a segurança pública. Vamos tirar Salvador dessa situação difícil. Um dos partidos da coligação é o PP do prefeito João Henrique. As críticas do senhor à prefeitura não criam um mal-estar?O que eu disse é que a cidade não tem um projeto estratégico, tem um problema de gestão, de gestão administrativa e financeira planejada. Teve até alguns avanços nessa fase final agora, mas ainda há muito a fazer. Wagner vê PRB lançar Marinho Luciana Rebouças | Redação CORREIO A promessa de representar o povo soteropolitano marcou os discursos do candidato à prefeitura de Salvador, Márcio Marinho(PRB), e do seu vice-prefeito, delegado Deraldo Damasceno (PSL), candidatura lançada oficialmente ontem pela tarde na casa de show Espetáculo, na Boca do Rio. Ainda ontem, também foi apresentada a candidatura do professor Hamilton Assis (Psol), candidato a prefeito de Salvador, pela Frente de Esquerda Capital da Resistência que conta também com PCB e PSTU. A candidata a vice em sua chapa será a enfermeira Nize Santos (PSTU). “Teremos um pouco mais de um minuto de propaganda. Sabemos que isso é completamente insuficiente, então a internet, por meio das redes sociais, será largamente utilizada”, salientou Assis. Na convenção do Psol esteve presente o ex-candidato à Presidência da República pelo Psol, Plínio Arruda Sampaio. Já o lançamento da campanha de Marinho, bispo da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), contou com a presença do governador Jaques Wagner, que reforçou apoiar dois candidatos. Wagner também disse não ver nada de contraditório em ter estado presente em duas convenções no mesmo dia (a do candidato Nelson Pelegrino aconteceu pela manhã). "Agora é esperar outubro e que estejamos juntos no segundo turno", acrescentou o governador, que conta com o PRB na sua base. Já Marinho, questionado se seu eleitorado será majoritariamente da IURD, comentou que seu projeto político independe da Igreja e que deseja "trazer propostas viáveis para Salvador". Também estavam presentes no evento o deputado federal e ex-pugilista, Acelino Popó, e o presidente nacional do PRB, Marcos Pereira. Popó disse que dará o apoio aos projetos esportivos do Bispo Marinho.
Pelegrino com Olívia, candidata a vice: chapa apoiada por 15 partidos e mais de 400 candidatos a vereador (Foto: Antonio Saturnino/CORREIO) |
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