A população de Salvador poderia estar a uma semana da inauguração do tão esperado metrô. Mas a promessa, feita pela prefeito João Henrique (PP) em dezembro do ano passado, não será cumprida. É que todas as
seis empresas que analisaram em julho o edital de licitação para revitalizar e testar o sistema rejeitaram o contrato. “Estou sendo boicotado para o metrô não funcionar. Não querem que o governo João Henrique inaugure o metrô. Está claro?! Não está claro?!”, afirmou nesta sexta-feira (24) o prefeito, ao CORREIO, durante homenagem a escolas municipais, na Boca do Rio. João Henrique não disse de onde ou quem estaria boicotando, mas ao ser lembrado da promessa do metrô funcionando até 1º de setembro, rebateu: “Estão com medo de João Henrique em 2014”. O prefeito afirmou, em entrevista ao CORREIO, em abril, que vai disputar o Palácio de Ondina nas eleições de 2014. O secretário de Transportes e Infraestrutura do Município, José Luiz Costa, afirmou que abrirá nova licitação ainda este mês para revitalizar e testar o metrô e que, caso ninguém apareça novamente, pedirá dispensa de licitação. “Vamos pedir dispensa de licitação e fazer uma contratação direta, conforme previsto na Lei de Licitações”, disse.
Caixa-pretaEnquanto o prefeito reclama dos imbróglios que envolvem a largada do metrô, a professora Denise Ribeiro, do Departamento de Transporte da Universidade Federal da Bahia (Ufba), mostra outro caminho. “Se não há interesse (no contrato do metrô) é porque as empresas não conseguem ver como um bom negócio. Há a incerteza sobre a demanda para alimentar o setor, ainda não há um estudo. É uma caixa-preta”, avalia. A especialista acrescenta que o fato de as empresas não saberem o custo real da operação do metrô e da receita pode ter gerado a insegurança que resultou na rejeição dos contratos. Já a Setin acredita que o receio dos empresários - que alegaram dificuldade de montar um escritório em Salvador e o excesso de contratos com outras instituições no país - é a dúvida da continuação da exploração após o fim da gestão de João Henrique. “Não vejo outro motivo”, afirmou o secretário José Luiz Costa.
Linha 2No Centro Cultural da Câmara de Vereadores, ontem, representantes do governo estadual, vereadores, a prefeita de Lauro de Freitas, Moema Gramacho (PT), e representantes da sociedade civil participaram da última audiência da Parceria Público-Privada (PPP) para discutir ajuste no projeto da linha 2 (Bonocô-Lauro de Freitas) e ampliação da linha 1 (Lapa- Pirajá). Na audiência, houve propostas para que a linha 2 atendesse Cajazeiras, que o sistema chegasse à Cidade Baixa e que seja lembrada a acessibilidade para portadores de deficiência. Até 20 de setembro, outras propostas podem ser sugeridas através do
site da consulta pública (www.sedur.ba.gov.br/metro).
Atraso na obra é ironizada em 'A Grande Família'Sempre que pode, o ator baiano Luís Miranda usa o seu trabalho para manifestar a revolta de não termos ainda um metrô funcionando em Salvador.
Quem assistiu ao seriado A Grande Família (TV Bahia/Globo) da última quinta-feira conferiu uma das críticas do artista. Uma conversa com Pedro Cardoso, ator (Agostinho) e um dos roteiristas da trama, foi o pontapé inicial para que, no último episódio, o personagem Pajé Murici, interpretado por Miranda, se identificasse como sendo membro de uma quadrilha que desviou verbas da obra e teve que deixar Salvador para não ser preso. “Sempre que passo pela Fonte Nova e vejo aquela estação do metrô parada sinto uma grande revolta. Treze anos com a enrolação do metrô e as obras do estádio tão rápidas só dá para acreditar que é falta de vontade política”, disse ontem, ao CORREIO.