Em clima de decisão, estava tudo preparado. Era esperada uma verdadeira invasão mexicana. Tática de jogo definida, minitrio pronto para entrar em campo, baianas escaladas com todo charme e simpatia, taxistas a postos, comerciantes ansiosos. No ataque, o melhor da Bahia: seus cantos, encantos e axé. Poderia ser um clássico, se os mexicanos que eram esperados dessem o ar da graça, como previsto pela Bahiatursa e Codeba (Companhia das Docas do Estado da Bahia), órgãos vinculados ao governo do estado. A expectativa era de que o transatlântico MSC Divina chegasse ao Porto de Salvador às 23h de sexta-feira, com 2.600 passageiros a bordo.
Destes, cerca de 1.300 seriam conduzidos ao aeroporto da cidade para seguir vôo até Belo Horizonte e o restante permaneceria na cidade e participaria de um minicarnaval no píer, organizado pela Bahiatursa e Codeba, na manhã de ontem, para animar a chegada dos turistas.Os ‘cucarachas’, no entanto, ‘fugiram’ na calada da noite de sexta para assistir à partida da Seleção Brasileira contra o Chile, em Minas. “Todos nós fomos pegos de surpresa. Sumiram 1.200 passageiros e eles não sabem nos informar ainda o porquê”, declarou o assessor de imprensa da Codeba, Waldomiro Júnior, enquanto tirava o time de campo e cancelava o receptivo, que aconteceria às 9h. “Era um evento muito importante para a Bahia porque os mexicanos começam a entrar neste ciclo de estrangeiros que mais viajam”, explica. No navio, a equipe do CORREIO encontrou uns poucos turistas, até da Indonésia, mas de mexicana, só uma bandeira pendurada no convés. O maestro e instrumentista Fred Menendez já tinha aquecido o Rixô Elétrico, mas quando foi se aproximando do navio, ‘chicano’ que é bom não apareceu nenhum atrás do minitrio, para curtir a baianidade nagô. “A gente esperava tocar para umas 3 mil pessoas, contando com a tripulação e locais. Ficamos frustrados”, lamenta. Um repertório especial foi preparado para agradar os mexicanos. “Íamos fazer um primeiro momento com coisas da Bahia e depois repaginar algumas músicas com a sonoridade latina”. O taxista Cézar Almeida saiu sem fazer corrida, mas acompanhou todos os lances do drible mexicano. “Achava que eles viriam pra cá e iriam permanecer, era um dinheirinho certo. Fiquei aqui na frente esperando até meia-noite (da sexta-feira). Quando vi, foram uns trinta ônibus saindo rumo ao aeroporto. Me quebrei”, relata, chateado. “Eu achei um absurdo. O tempo que fiquei aqui parado, me deu um prejuízo de R$ 600, já que deixei de fazer corrida”.
Segundo a Codeba, cerca de 200 pessoas, entre tripulação e passageiros, permanecem no porto, aguardando o restante dos turistas que foram assistir aos jogos fora da Bahia - em Minas e Ceará. A MSC Divina não quis comentar o ocorrido. “Desculpe, são ordens e a gente não pode descumprir”, afirmou um funcionário que pediu para não ser identificado. A Mundo Mex, agência de turismo que organizou a excursão junto ao cruzeiro de viagens, também foi procurada pela reportagem, sem retornar o contato até o fechamento desta edição.A Codeba informou em nota que já analisa as providências a serem tomadas no sentido de fazer prevalecer os interesses públicos e os possíveis danos causados pelo cancelamento do evento. O órgão, porém, comunicou que a “ação será transferida para a recepção dos mexicanos ou holandeses que virão jogar em Salvador no dia 4 de julho”, o que será definido hoje na Arena Castelão, em Fortaleza, na partida entre as duas seleções. Fim de jogo.Matéria original: Correio 24h
Baianos organizam festa de boas-vindas, mas turistas fogem e não aparecem
O transatlântico da MSC Divina com bandeira mexicana estava praticamente vazio |
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