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SALVADOR

Bandos disputam pontos de venda de drogas e tocam terror no IAPI

Moradores e comerciantes do IAPI relatam que a rivalidade entre os bandos afeta diretamente quem nada tem a ver com o crime

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13/12/2012 às 8:39 • Atualizada em 29/08/2022 às 18:13 - há XX semanas
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A noite de domingo chegou e, como costumava fazer, Marcos André de Jesus Sales estava sentado na porta de casa conversando com vizinhos da Rua da Floresta, no bairro do IAPI. De repente, ouviu-se o barulho dos tiros. Eram dois homens numa moto disparando a esmo. Ao tentar se esconder, Marcos foi baleado nas costas. Ele, que está internado em estado grave, é mais uma vítima da disputa entre bandidos da Rua da Floresta e da Rua Vila Balbino, conhecida como Milho. Moradores e comerciantes do IAPI relatam que a rivalidade entre os bandos afeta diretamente quem nada tem a ver com o crime, pois as pessoas ficam proibidas de circular em uma área ou outra.
Moradores da Rua do Milho ficam acuados. Na rua da Floresta, homem foi baleado no domingo
Floresta“Tornei-me prisioneiro de mim mesmo. Não sei se deixei de ser gente ou se eles deixaram. Antigamente, ficávamos aqui à vontade, mas hoje não dá. Vivo em casa porque a violência aqui está demais”, desabafou, na manhã desta quarta (12), um taxista, que parou na Rua da Floresta ao ver a equipe do CORREIO. Na mesma rua, um homem que transportava frutas e verduras num carrinho de mão também carregava o medo. Nos olhos, o temor de ter sido abordado pela reportagem. “Olhe, aqui não se fala muito. O que posso dizer é que eles brigam constantemente entre si e a população é quem sofre”, afirmou, sem se identificar. Um comerciante foi sucinto nas palavras: “Ninguém da Floresta entra no Milho e vice-versa. Eles matam sem dó nem piedade”. Por telefone, uma moradora do bairro contou que há uma semana comprou materiais de construção para uma reforma em sua casa. Mas, no momento da entrega, o motorista se recusou a entrar na Rua da Floresta. “Ele disse que não podia porque é morador do Milho. Tive que pedir para um vizinho pegar”, relatou. MilhoNa Rua Vila Balbino, o Milho, os relatos ouvidos não são muito diferentes. “Morei aqui muito tempo. Saí por causa da violência. Só venho aqui por causa do trabalho. O pessoal da Floresta quer botar o ponto e os daqui resistem. Morar no Milho é um risco”, diz o funcionário de uma bomboniere. Parada em uma esquina e olhando o movimento, a dona de um bar disse que os confrontos ocorrem com mais frequencia à noite, mas os casos durante o dia têm aumentado. “No início da tarde, em finais de semana e feriados, eles se posicionam na entrada da rua e atiram. Acho que é porque os rivais estão distraídos bebendo. A gente nem pode mais sair de casa”, disse. A violência, porém, já ultrapassa os limites das duas ruas. “Há quatro meses mataram um no Largo do Tamarineiro porque era do Milho. Ele estava bebendo e encontrou com a morte. Ele trabalhava numa barbearia”, conta um rapaz. Há relatos também de que, no mesmo período, um homem que estava na carona de uma moto aproximou-se de um segurança e descarregou a arma. “A vítima estava jogando dominó no beco do Bompreço. Como não encontraram ninguém do Milho, pegaram ele que vinha aqui para ver os parentes”, lembra o dono de um mercadinho. Os criminosos andam em grupos formados por pelo menos dez homens munidos com armas de grosso calibre, como fuzis e metralhadoras. A polícia reconhece a rivalidade entre os bandos comandados por Ramon (Floresta) e Seu Perna (Milho). De acordo com os investigadores da 2ª Delegacia (Lapinha), eles disputam pontos de venda de drogas e os embates têm sido mais frequentes após a morte de um suspeito do bando do Milho. Bandidos migram entre localidades, diz políciaO delegado Antônio Fernando do Carmo, titular da 2ª Delegacia (Lapinha), diz ter conhecimento da briga entre os bandos do Milho e da Floresta, apesar de, segundo ele, os relatos ouvidos pelo CORREIO nunca terem chegado à unidade policial. O delegado afirma que várias ações já foram realizadas nas duas localidades, o que causou a migração de alguns bandidos para outras áreas, como a Rua São Cristóvão, no bairro Guarani, e a Estrada da Rainha. “Eles agora têm bocas de fumo onde antes não existia. O índice de criminalidade nessas localidades era baixíssimo”. Quarta, foi preso na Estrada da Rainha Filipe Conceição Silva, 21 anos, flagrado vendendo maconha. Na Rua São Cristóvão e na Estrada da Rainha, os comerciantes relatam que os assaltos têm sido mais constantes, principalmente com as mulheres. Há também muito temor nas localidades do Brongo e Nova Divineia. Foram traficantes dessa última que, em 2010, mataram e decapitaram duas adolescentes. O major Carlos Humberto, comandante da 37ª CIPM, disse que o policiamento ostensivo aumentou em todas essas regiões. “Os traficantes já estão com prisões preventivas decretadas e, em breve, serão apresentados à sociedade”, declara o major. O oficial não informou o efetivo disponível na área. “Por uma questão de estratégia”, justificou. Matéria original Correio 24h Bandos disputam pontos de venda de drogas e tocam terror no IAPI

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