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SALVADOR

Cenas mostram por que o Brasil é campeão no consumo de crack

De acordo com pesquisa, 2,6 milhões de brasileiros já fumaram crack pelo menos uma vez e 20% do consumo da droga no mundo é feito no Brasil

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07/09/2012 às 17:59 • Atualizada em 29/08/2022 às 5:30 - há XX semanas
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Escondido atrás de um carro, um jovem acende um cachimbo improvisado. Ele dá uma, duas, três baforadas. Desconfiado, sai andando em direção a um contêiner de lixo, onde encontra um grupo de moradores de rua. A conversa é rápida, assim como a distribuição das pequenas pedras embaladas em sacos plásticos. Em seguida, a turma se dispersa. Instantes depois, todos eles retornam ao local para uma nova rodada de crack. Tudo isso aconteceu ontem, entre 10h e 11h, na Rua do Gravatá, Centro Histórico de Salvador. Um dia depois da divulgação de uma pesquisa mostrando que o Brasil ocupa a primeira colocação mundial em consumo de crack, o CORREIO percorreu alguns pontos de Salvador e encontrou com facilidade exemplos do que mostra o levantamento do Instituto Nacional de Pesquisa de Políticas Públicas do Álcool e Outras Drogas (Inpad) da Universidade Federal de São Paulo. De acordo com os dados, 2,6 milhões de brasileiros já fumaram crack pelo menos uma vez e 20% do consumo da droga no mundo é feito no Brasil. No Gravatá, uma das cracolândias mais conhecidas da capital baiana, o consumo da droga continua intenso, mesmo com a instalação, esta semana, das Bases Móveis de Segurança e a localização do 18º Batalhão da Polícia Militar perto dali.
De acordo com pesquisa, 2,6 milhões de brasileiros já fumaram crack pelo menos uma vez
Tomado pelo efeito da droga ou pelo desejo de mais, os usuários terminam cometendo crimes. “Outro dia, quando cheguei para trabalhar, encontrei vários cartões espalhados na porta de minha loja. Eram de pessoas que eles tinham roubado no Pelourinho”, conta Agnaldo Alencar, dono de uma casa e de um restaurante na Rua do Gravatá. “Eles são tão ousados que, à noite, já chegaram a destruir uma câmera de vigilância instalada pela polícia”, emenda. No Pelourinho, a chegada das Bases Móveis de Segurança afastou os usuários das principais ruas, mas ainda não evita a presença deles em vias adjacentes, principalmente as que levam até a Baixa dos Sapateiros. “Eles (usuários) estão nas esquinas, nos becos. Esses dias, dois fizeram a limpa no ponto de ônibus”, relata Maria das Graças de Jesus, recepcionista de um restaurante no Pelourinho. Em outro ponto, sob o viaduto de Nazaré, a reportagem do CORREIO encontrou três homens - aparentemente moradores de rua – consumindo a droga, enquanto uma mulher grávida aguardava sua vez de pitar o cachimbo. De acordo com moradores da área, os quatro atuam como flanelinhas na região.
Sem se importar como intenso movimento na Rua do Gravatá fuma a pedra ali mesmo
Já na Sete Portas, alguns comerciantes alegam prejuízo por causa dos usuários. “Eles acabam espantando a clientela”, diz o dono de um hotel. O movimento é conhecido por todos que moram ou trabalham por ali: os dependentes compram o crack na localidade do Pela Porco e consomem embaixo das valas de esgoto. Na Barra, por sua vez, quem reconhece a presença constante dos usuários é um policial civil: “Eles ficam nas pedras atrás do Farol, principalmente à noite. Quando saem, alguns comentem pequenos furtos. Alguns são guardadores de carros”. Em Salvador existem três opções para o tratamento gratuito de dependentes químicos. Os Centros de Atenção Psicossocial para Álcool e outras Drogas (CAPs AD) ficam em Pirajá, Pernambués e Pelourinho.

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