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SALVADOR

Pacientes passam em várias postos e hospitais até serem atendidos

Na semana passada, o jogo de empurra entre as unidades terminou com a morte do motorista Deivisson Santana, 23 anos

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18/09/2012 às 9:45 • Atualizada em 30/08/2022 às 23:56 - há XX semanas
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“Paciência não vende em caixa e nem distribui de graça, mas quem depende de atendimento de saúde em Salvador precisa tomar muito desse remédio”. O desabafo é da diarista Luciana Oliveira que nesta segunda (17) percorreu três unidades de saúde em busca de atendimento para o filho de 3 anos. A peregrinação da diarista começou ainda de madrugada, às 2h, quando Bruno começou a sentir forte dor de cabeça. Ela reclama de não ter sido atendida no posto de saúde de Brotas. “Saí de lá e mandaram ir para a ala infantil do Hospital das Clínicas. Mas quando cheguei lá disseram que estava reformando e mandaram eu vir para o 5º Centro (Av. Centenário). Cheguei aqui às 6h e só 12h30 o médico olhou meu filho”, conta. A espera é outra reclamação de quem procura as unidades de saúde: falta lugar para abrigar tantos doentes. Ontem, a dona de casa Agiliane de Jesus saiu de Castelo Branco para o 5º Centro e ficou de 6h até 15h sentada fora do posto com o filho de 1 ano e 6 meses. “Ele foi atendido, fez exame de sangue, mandaram esperar o resultado aqui fora. Aqui os meninos ficam passando mal na frente dos outros. É uma agonia que só”, conta Agiliane. Na hora do almoço, ontem, quando a equipe do CORREIO estava no local, o atendimento chegou a ser suspenso. O caso delas não é único. Na semana passada, o jogo de empurra entre as unidades terminou com a morte do motorista Deivisson Santana, 23. Na sexta-feira, familiares invadiram o Hospital do Subúrbio (HS). Deivisson morreu de leptospirose, na quinta-feira, no Hospital Couto Maia, 48 horas depois de ter sido medicado e liberado no Hospital do Subúrbio. No dia anterior, Deivisson tinha ido até o HS, onde, segundo a família, foi aconselhado a ir para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Subúrbio, onde também não foi atendido. A prima de Deivisson Cristiane Santos sente na pele o problema. Desde maio ela tenta fazer cirurgia na vesícula, mas esbarra na falta de vagas. “Em maio fui no Hospital do Subúrbio, em junho no Ana Nery. Em julho fui no Roberto Santos e hoje (ontem) estou aqui no Irmã Dulce. Sempre falam que não tem vaga”, diz. No limite Na busca por atendimento, a família do aposentado Clemente dos Santos, 65, veio de Santo Amaro para Salvador para conseguir tratamento de hemodiálise, mas Clemente está internado no 5º Centro de Saúde desde sexta-feira sem perspectiva de vaga. “Tem três meses que viemos para Salvador para ele fazer o tratamento nos rins, mas nunca tem vaga”, conta a esposa de Clemente, a dona de casa Maria de São Pedro. Ela diz que diariamente circula por hospitais. “Todo dia a gente vai no Roberto Santos, Ana Nery, Ernesto Simões, Hospital das Clínicas e nada. Os médicos disseram que se ele não fizer a hemodiálise até amanhã (hoje) ele morre”, desespera-se. A Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) informou que a central de regulação está tentando uma vaga de nefrologia para o paciente. Já a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) nega que tenha havido recusa no Posto de Saúde de Brotas. Sobre a demora no 5º Centro, a SMS informou que ontem um médico faltou e impactou o atendimento. Segundo a Fundação José Silveira, que administra o 5º Centro, a demora é provocada pela grande demanda no posto, que funciona 24 horas e atende 500 pessoas por dia.
Posto do Pau Miúdo só atende emergênciaA diarista Valdira Deiró Santos realizaria ontem um exame ginecológico no posto de saúde Maria da Conceição Santiago (16º Centro – Pau Miúdo), mas teve que voltar para casa no Lobato pois o atendimento da unidade foi restringido às emergências. Isso porque os funcionários da empresa terceirizada Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar (Pró-Saúde), que presta serviço para a SMS, iniciaram ontem uma paralisação. O diretor da Pró-Saúde, Carlos Pinto, informou que a empresa não conseguiu pagar os salários porque há débito de R$ 10 milhões da prefeitura. “Estamos sem receber as parcelas de junho, julho e agosto que totalizam R$ 2 milhões e há ainda R$ 8 milhões de reajustes e passivos do contrato”, explica o diretor. A SMS diz que reconhece apenas um débito de R$ 2 milhões – referentes a parcelas de junho e julho, mas não informou quando a dívida será quitada. Matéria original do CorreioPacientes passam por várias postos e hospitais até serem atendidos na Bahia

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