As disputas no Eqqus Clube do Cavalo, em Vilas do Atlântico, Lauro de Freitas, ultrapassaram as barreiras da pista e foram parar na Justiça. É que, enquanto a maior parte dos sócios da entidade sem fins lucrativos se organiza em assembleias para discutir a venda da área onde o clube funciona há 33 anos, na avenida Praia de Itapuã, outros associados lutam para que o equipamento não seja extinto. No mês passado, um dos sócios do Eqqus, o empresário Daniel Andrade, ingressou com protesto judicial na Vara dos Feitos Relativos às Relações de Consumo, Cíveis e Comerciais de Lauro de Freitas, pedindo à Justiça que considerasse ilegítima a intenção de venda do clube. “Além disso, vamos representar junto ao Ministério Público Estadual para que o órgão apure se há improbidade administrativa”, ressalta. Na semana passada, a juíza Maria de Lourdes Melo, titular da 2ª Vara dos Feitos, publicou editais “(...) para comunicar a eventuais interessados em adquiri-la (a associação) que qualquer negociação sobre ela será ilegal e contrária ao interesse público (...)”. Segundo o presidente do clube, Marcos Viana, porém, uma nova assembleia foi realizada e a maior parte dos sócios concordou com a venda. “Foi quase por unanimidade. Apenas um dos associados se manifestou contrário à decisão”, afirma. Os motivos para a venda são apontados por Viana. “Os proprietários de cavalos e sócios do clube não têm mais jóquei, não podem mais montar na praia e hoje em dia está impraticável chegar caminhão ao clube. Além disso, vizinhos vivem reclamando dos resíduos dos animais, apesar de nós fazermos a limpeza regularmente”, expõe. Doação No entanto, lembra Andrade, a área de 32 mil metros quadrados foi doada pela empresa CBPO Engenharia Ltda, incorporadora da Odebrecht, em abril do ano passado. “A diretoria quer vender o espaço, que está avaliado em R$ 25 milhões, e conta com o apoio de sócios que nem têm mais cavalos no local. A proposta é ratear proporcionalmente o dinheiro da transação. Isso não pode acontecer porque o clube é a única entidade associativa, sem fins lucrativos, que promove a prática equestre na Bahia e tem relevante interesse social”, enfatiza. O empresário conta que existem 25 propostas de inclusão de novos associados sem resposta da diretoria. “Se os atuais sócios não têm interesse em continuar com o Eqqus, poderiam colocar seus títulos à disposição para que outras pessoas entrem para o clube. Já encaminhamos as solicitações para a diretoria, mas este grupo está impedido de entrar para a associação e a diretoria não apresenta justificativa plausível”, reforça. No total, o quadro do clube é formado por 71 sócios. O empresário Gonçalo Moura, que representa os interessados em se tornar sócios, procurou um cartório para averbar o protesto judicial contra a venda do clube. “Há dois anos, pedi para ser incluído como sócio e nunca tive resposta. Frequento o Eqqus e pago taxas de R$ 800 por mês para ter o direito de praticar hipismo. Querem vender uma associação que está viva. Antes o terreno não era tão valorizado e essa é a única hípica sem fins lucrativos. Se fosse uma propriedade particular, ninguém faria objeção à venda”, emenda. Hipismo Nas dependências do clube funciona a Associação Baiana de Hipismo (ABH) há três anos. O local dispõe de 50 cavalos e, segundo o professor de hipismo, André Giovanini, 180 alunos praticam aulas esportivas. “Estamos na corda bamba com esse dilema sobre a venda da entidade. Além dos alunos que temos atualmente, já constam cadastros de praticantes de hipismo que passaram pela escola. Se o clube virar um empreendimento imobiliário, vai complicar ainda mais aquela região”, opina. O espaço onde funciona a escola de André é alugado. Além da ABH, estão em atividade um restaurante italiano, um café e uma academia. Segundo Daniel Andrade, todos os estabelecimentos contribuem com a receita do clube. Apesar de alegar que a vizinhança vem reclamando do clube, por causa dos dejetos dos animais e do mau cheiro, a reportagem não encontrou nenhum morador da regiãoque expusesse uma reclamação ao clube. “É uma pena se essa venda se concretizar, porque a região é muito carente de ar puro e de áreas verdes. As crianças vêm aqui e têm contato com os animais”, disse Karen Aquino, professora e vizinha do clube.
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