O corpo do taxista Moacir Álvaro Ferreira, 68 anos, foi sepultado na manhã desta segunda-feira (18) no Cemitério Ordem Terceira do São Francisco, na Baixa de Quintas. Por volta das 12h40, depois do enterro, colegas taxistas saíram em carreata até a Praça da Piedade, onde pararam em frente à sede da Polícia Civil da Bahia. Com faixas e cartazes, eles pediam justiça. Vários estavam com lenços pretos amarrados no retrovisor, em luto por Moacir. O taxista, que também era policial civil aposentado, foi morto na madrugada do domingo, na Estrada das Barreiras, no Cabula.
"A casa dele, a família dele era o que importava... Foi a pessoa que meu deu tudo e me fez a pessoa que sou hoje. Construiu nossa casa, nossa família (...) Sempre foi uma pessoa justa; estava trabalhando e tiraram a vida dele", lamentou a sobrinha Altamira Ferreira.
"Deus sabe de todas as coisas, quem sou eu para julgar? Só quero que não fique impune, que meu pai consiga... Por ele ser policial civil, peço apoio aos colegas que busquem encontrar essa pessoa, e essa pessoa seja punida", pediu o filho, que afirmou que já tinha conversado com o pai para deixar de rodar com táxi."Várias vezes cheguei a conversar com ele sobre isso. Pelo fato dele estar 33 anos nessa profissão é difícil, a pessoa acostuma. É difícil de parar, não tem como. O ser humano é tipo uma máquina, se você para... É um hábito mesmo", acrescenta.
O filho, que também é taxista, destacou que o pai trabalhou por mais de 30 anos no posto policial do Hospital Roberto Santos e que ele ia muitas vezes lá encontrar os colegas. "A última vez que vi ele vivo ele tava fazendo a barba. A gente saiu de manhã cedo, no sábado, ele lavou o carro, trocou o pneu furado, disse 'Vou subir, tomar banho, fazer a barba e sair para trabalhar'. Como de rotina", diz.
Taxistas reclamam de insegurança
Os taxistas de Salvador transportam também o medo. O CORREIO conversou com alguns deles e todos disseram que trabalham apavorados. “Somos alvos fáceis. Não há segurança na cidade em qualquer horário, principalmente à noite. Ficamos vulneráveis. A gente roda na madrugada não porque queremos, mas porque precisamos”, declarou Antônio Alves de Brito, motorista há mais 15 anos.
O taxista Mário da Silva, 61, disse que já escapou de ser assalto várias vezes. “Uma delas percebi a maldade do rapaz. Ele estava sentando na frente e num determinado momento, mandou em parar o carro porque queria ir dormindo no banco de trás. Mas notei ele muito agitado e, quando saiu, percebi que estava armado e arrastei o carro. Hoje, ser taxista é por falta de opção, porque nós lidamos com a morte todos os dias durante o nosso trabalho. É um risco o tempo todo”, contou.
Cosme dos Santos Anunciação, 59, teve o filho morto durante um assalto no bairro onde mora, Boca do Rio. Ele há dois anos foi assaltado por um casal que se passou por passageiro. Para ele, a solução é deixar Salvador. “Essa cidade não dá mais para mim. Estou me programando para morar no interior no meio do ano que vem”, declarou.
Dennys Paim, presidente da Associação Geral dos Taxistas, afirma que o perigo está em todas as partes. “Hoje todos os bairros são perigosos. Quando tem casal, a gente sempre fica com medo, porque os bandidos vêm atuando dessa forma. A mulher chama a corrida, a gente pára e depois o casal anuncia o assalto. A gente é obrigado a pegar as corridas duvidosas porque precisamos trabalhar. Antes a gente evitava bairros como São Caetano, Cajazeiras, Itapuã, Estrada Velha do Aeroporto, Liberdade, Costa Azul, Fazenda Grande do Retiro, Pero Vaz e Suburbana, mas hoje todos são perigosos. Quando o casal assalta, geralmente as mulheres são as mais violentas e ficam dando ordens para o comparsa” conta Dennys.
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Redação iBahia
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