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Os ministros Joaquim Barbosa (esq.) e Cezar |
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ayres Britto, disse ser "logicamente impossível" uma eventual tentativa de manipular resultados nas sessões da corte. A declaração acontece depois do vice-presidente do STF, Joaquim Barbosa, afirmar em entrevista ao jornal "O Globo" desta sexta-feira (20) que o ex-presidente do Supremo Cézar Peluso "inúmeras vezes manipulou ou tentou manipular resultados de julgamentos, criando falsas questões processuais simplesmente para tumultuar e não proclamar o resultado que era contrário ao seu pensamento". Ayres Britto declarou que não existe a possibilidade de algo do tipo acontecer porque o presidente leva em conto os votos dos demais ministros. "É impossível você manipular o resultado. Porque se um presidente proferir um resultado em desconforme ao conteúdo da decisão ele está desconsiderando o voto de cada um dos ministros. O voto é soberano", afirmou, segundo o iG. "Claro que cada ministro pode se reposicionar em matéria de voto. Mas se não se reposicionou. Então manipulação é logicamente impossível", disse ainda. "Eu nunca vi aqui. Eu nunca vi e acho que nunca verei um presidente alterar o conteúdo da decisão", concluiu o atual presidente da Corte, negando também que haja racismo no STF.
Crise no STFAyres Britto se posicionou em meio a uma crise no STF depois de uma troca de agressões entre os ministros Cézar Peluso e Joaquim Barbosa através da imprensa. Barbosa, além de acusar o colega de manipulação de resultados, ainda classificou Peluso de "ridículo", "caipira", "corporativo" e "desleal". A entrevista de Barbosa a O Globo acontece depois de declarações de Peluso à revista eletrônica Consultor Jurídico. Peluso, na ocasião, chamou Barbosa de "inseguro", alguém com "temperamento difícil", que teria medo de ser classificado como alguém que está no Supremo "não pelos méritos, mas pela cor" - Barbosa é o único negro no STF. Nessa sexta, Peluso considerou o episódio como "encerrado", segundo fontes do iG, embora não tenha falado com a imprensa diretamente. Os dois ministros não se falam , mas segundo a reportagem tinha uma relação cordial até o início desta semana. O ministro Marco Aurélio Mello comentou a briga entre os dois colegas, se dizendo perplexo. "É hora de ascendermos o cachimbo da paz", declarou.