As sirenes de alerta tocaram em Brumadinho na manhã deste domingo, às 5h30m, e moradores começaram a deixar suas casas em pânico. De acordo com informações preliminares, outra barragem estaria em risco. Na sexta-feira, outra barragem no Córrego do Feijão se rompeu . Em nota, a Vale afirmou que a sirene foi disparada devido ao aumento dos níveis de água na barragem 6, uma das que compõe o complexo de Brumadinho. De acordo com a empresa, a população da região está sendo deslocada para pontos previstos no plano de emergência. Os bombeiros interromperam as buscas por desaparecidos para se dedicar à evacuação dos moradores de suas casas.
Também no início desta manhã, um engenheiro da mineradora disse que a instabilidade da barragem 6 aumentou, passando para classificação nível 2 numa escala de 3. Equipes de resgate estão reunidas, mas uma forte neblina prejudica o trabalho.. Essa é uma barragem de água e não de rejeito de minério.
A informação de que essa outra barreira teria se rompido havia sido relatada por moradores da região na manhã deste sábado, o que não foi confirmado pelas autoridades. Desde ontem, a Vale havia informado que monitorava a estabilidade da barragem 6 a cada uma hora e realizava drenagem com o uso de bombas, para reduzir a quantidade de água.
O bombeiro civil Ivan Nicolau diz que todas as equipes de resgate estão mobilizadas para tirar os moradores que ainda estão na região. Todas as pessoas que moram até mil metros da barragem foram retiradas e não podem voltar para casa. A Vale tenta drenar a barragem em risco de romper, mas, segundo os bombeiros, isso pode ter aumentado a instabilidade.
Subiu para 37 o total de corpos resgatados em Brumadinho. Um ônibus soterrado e com ocupantes mortos foi encontrado . Uma pousada foi destruída . As mortes confirmadas, portanto, já superam o registrado na tragédia de Mariana, em 2015, quando houve 19 vítimas . Voluntários de Mariana estão ajudando no trabalho de busca por desaparecidos em Brumadinho. A equipe que participa de resgate afirmou que a maioria dos corpos pode nunca ser encontrada .
As equipes de resgate interromperam as buscas na manhã deste domingo por terra. Os bombeiros têm dificuldade de pisar no mar de lama porque ela está muito mole e afunda, chegando a até 10 metros de profundidade em alguns pontos. As buscas por ar também foram suspensas porque não havia condição de pouso de helicópteros, mas elas foram retomadas em seguida. Ontem, foram encontrados mais alguns corpos e pedaços de corpos, mas nem todos foram retirados por falta de condições de pouso. Brumadinho recebeu neste domingo reforço da Defesa Civil do Rio de Janeiro para ações emergenciais.
Familiares, ativistas e moradores denunciam o descaso da mineradora Vale com o atendimento e apoio aos atingidos pelo rompimento da barragem. As principais reclamações são o desencontro de informações e a falta de suporte básico. A empresa diz que já disponibilizou acomodações para mais de 800 pessoas. A Justiça determinou bloqueio de R$ 1 bilhão da Vale após rompimento de barragem. Após a tragédia em Brumadinho, o gabinete de crise do governo federal recomendou vistoria em todas as barragens do país .
Reclamações sobre falta de atendimento da Vale
Todos os moradores das comunidades às margens do Córrego do Feijão estão sendo removidos desde as 5h30m da manhã. Há muita revolta contra a Vale porque, segundo o relato deles, eles não podem voltar para suas casas e, só depois de muito reclamarem, receberam tendas, que os próprios voluntários estão montando.
Sandra Gonçalves, de 43 anos, entrou em crise nervosa. De chinelo, enrolada no cobertor e no frio, esperava notícias de parentes.
Silvana Horta Lopes, de 54 anos, passou a madrugada no frio e reclama que não tinha nem onde sentar. A Vale não os deixou entrar na casa de apoio. Silvana escapou por pouco da lama, e sua casa está interditada. Ela não tem onde ficar. A Vale impediu o acesso à casa comunitária, segundo ela. Nenhum funcionário da Vale foi encontrado para dar informações.
- O pessoal da Vale não dá informação no local e os motoristas prometidos não chegaram para retirar mais gente - afirmou Silvana.
Quando os bombeiros recomendaram aos moradores a saída de casa nas áreas baixas da cidade, ao lado do Rio Paraopeba, as pessoas, assustadas, buscaram abrigos na casa de amigos e parentes.A informação incial de que outra barragem havia se rompido causou um certo caos, segundo relataram os bombeiros, com moradores entrando em desespero. A ponte sobre o rio Paraopeba, no centro da cidade, permanece interditada.
O risco de rompimento da represa da Mina Córrego do Feijão lembrou os moradores de Brumadinho das grandes enchentes do Rio Paraopeba, ocorridas em 1997, 2008 e, a última delas, em 2012. Frederido Castro, de 37 anos, retirou a avó, que mora perto do rio, e levou para casa de parentes na parte alta da cidade. Agora, ao lado da mulher, aguarda orientação da Defesa Civil para, caso a barragem se rompa, retire da casa da avó parte dos pertences, como televisor e documentos.
- Na pior enchente, a de 1997, a água subiu mais de três metros e parte da cidade ficou submersa - afirma.
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Redação iBahia
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