O Instituto Butantan, em São Paulo, está estudando uma vacina e um soro contra o vírus Zika, informou hoje (22) o secretário estadual de saúde de São Paulo, David Uip, após participar de evento com a presidenta da República, Dilma Rousseff, em que foi assinado um repasse de R$ 100 milhões do Ministério da Saúde para o instituto, para ajudar na fase de testes de uma vacina que está sendo desenvolvida contra a dengue.
O secretário disse que dois tipos de vacina contra o vírus Zika estão sendo estudados. O primeiro deles consistiria em transformar a vacina tetravalente contra a dengue (tetravalente porque combate os quatro tipos de vírus da dengue) em uma vacina pentavalente, incluindo o vírus Zika. O segundo seria uma vacina específica ou isolada contra a doença.
“Além disso, o instituto estuda a fase terapêutica do vírus Zika [um tipo de tratamento ou um soro] e também começa a estudar o protocolo de uma droga [ou remédio] que mata o vírus da Zika, semelhante ao que aconteceu ao vírus da Aids”, disse o secretário. Segundo ele, o Butantan já recebeu 29 propostas de colaboração, principalmente de instituições norte-americanas, para estudar maneiras para combater o Zika.
“Existem muitas perguntas sobre como é o comportamento do vírus [Zika]. Não sabemos se uma vacina de vírus atenuado, que é como fizemos para a dengue, vai funcionar da mesma forma para o Zika. Estamos fazendo vários tipos alternativos de vacina. O que sabemos é que com os estudos que temos com a dengue, e dengue sendo muito parecida com zika, achamos que iremos mais rápido nos estudos”, disse Jorge Kalil, diretor do Instituto Butantan.
Vacina contra a dengue
O contrato firmado hoje (22) pelo Ministério da Saúde com o Instituto Butantan prevê investimentos iniciais de R$ 100 milhões para financiar a terceira e última fase de testes clínicos da vacina contra a dengue em voluntários de todo o país. Esta última etapa da pesquisa, que teve início hoje em São Paulo, servirá para comprovar a eficácia da vacina. “A fase 2 envolveu 300 voluntários aqui de São Paulo e mostrou uma efetividade superior a 80%, ou seja, ela conferiu proteção, através de anticorpos, contra os quatro sorotipos [da dengue] acima de 80%, o que se mostrou segura. A fase 3 é a mesma coisa que a fase 2, só que estendida, com 17 mil voluntários de 14 centros do país”, explicou Uip.
Segundo o secretário, ainda não é possível estimar quando a vacina contra a dengue já estará disponível para toda a população do país. Mas, de acordo com o diretor do Instituto Butantan, Jorge Kalil, a vacina poderá estar disponível a partir de 2018: “Não sabemos o resultado. Mas é possível que daqui a seis meses ou um ano já tenhamos, tendo em vista o grande número de casos de dengue que se tem atualmente no Brasil e se tivermos um grande número de voluntários, que se prove [a eficácia da vacina]. Se isso acontecer, podemos registrar a vacina e produzi-la”. Kalil disse que o instituto já deu início à construção de uma unidade [uma planta] de vacina onde será “possível produzir doses suficientes para começar o programa de vacinação no país”.
“A população exposta aos quatro sorotipos de dengue no mundo está entre 2 bilhões e 3 bilhões de pessoas. Existem hoje, em estado endêmico no mundo, 113 países. Se o Butantan tiver o sucesso [com a vacina] que nós esperamos, o Brasil tem um compromisso com o mundo de produzir inicialmente 750 milhões de doses de vacinas, sem entrar no mérito da população que ainda vai nascer e vai ficar exposta. Esse é um compromisso mundial extremamente importante”, disse o secretário.
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