Início de dezembro. As ruas estão cheias de luzes natalinas, lojas exibem promoções, e sentimos no ar aquele misto de expectativa e pressão: rever o ano que passou, organizar a vida, pensar em metas para 2026. É fácil cair na armadilha de esperar o momento perfeito, o dia em que tudo vai se encaixar, quando, na prática, ele nunca chega.

Observe, sentimentos são como lentes que dão cor à forma como enxergamos a vida. Alguns nos aquecem e nos expandem, como alegria, entusiasmo e gratidão. Outros pesam, como medo, raiva ou tristeza, que muitas vezes parecem obstáculos. Mas, quando escutados, cumprem sua função: alertam, mostram limites e apontam feridas que pedem cuidado.
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Não existe sentimento “bom” ou “ruim” em si. A raiva sinaliza quando ultrapassamos nosso limite. A tristeza convida ao luto. O ciúme expõe inseguranças. A alegria mostra que estamos em sintonia com algo que nos alimenta. Se aprendemos a escutar, os sentimentos se tornam bússolas: indicam onde estamos e sugerem para onde podemos ir.

Entre tantos sentimentos, existe uma frase que escuto com frequência na clínica: "não me sinto em condições". Curiosamente, essa frase não é sobre sentir, mas sobre decidir. Quem diz isso já percebe a vida chamando para outro passo, mas trava diante da expectativa de que o dia certo vai chegar. O problema é que esse dia nunca chega sozinho.
Vá por mim: estar em condições significa aceitar o medo, aceitar que o controle nunca será total e dar o primeiro passo mesmo assim. É escolher ir, mesmo tremendo por dentro, diante das incertezas.

Neste dezembro, com reuniões de família, festas, balanços de ano e listas de metas, reflita: você está esperando se sentir em condições para agir, ou vai decidir viver agora, mesmo com medo? O salto acontece no movimento, e não na espera. Cuidar de si nesse processo é parte da coragem.
Qual passo você vai decidir dar, mesmo sem se sentir totalmente em condições?

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