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ÓPRAÍ WANDA CHASE

'Ópraí Wanda Chase' estreia com ator e diretor Lázaro Ramos

Colunista e artista se encontraram na pré-estreia baiana do filme 'Medida Provisória', em sessão exclusiva para convidados

Redação iBahia • 14/04/2022 às 10:30 • Atualizada em 26/08/2022 às 17:45 - há XX semanas

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Foto: Acervo Wanda Chase

Jornalismo é a minha paixão. Gosto de notícias, quanto mais quente e inédita, melhor. Por uma notícia, vou longe: investigo, pergunto e chego junto. Em minha coluna Ópraí Wanda Chase!, vou viajar sem sair da nossa Roma Negra Salvador e contar pra vocês o que acontece na nossa Bahia e sobre nossos ilustres baianos que vivem aqui e pelo mundo. Em minhas reportagens, entrevistas e perfis, vamos falar de arte e cultura afro-brasileiras, gastronomia, moda, música, literatura e diversos assuntos, sempre em primeira mão. Combinado? É toda quinta, viu? A gente se encontra aqui!

Dito isso, é com prazer que começo minha coluna com uma entrevista sobre o primeiro longa-metragem dirigido por Lázaro Ramos, nosso Lazinho e seus múltiplos talentos – como ator, escritor, apresentador e que agora estreia como diretor de cinema com o filme 'Medida Provisória' e eu aqui como colunista do iBahia… Ópraí?!

O filme 'Medida Provisória' revela, em sua sinopse, um futuro distópico em que o governo brasileiro decreta uma medida provisória de reparação pelo passado escravocrata, provocando uma reação no Congresso Nacional, que por sua vez aprova a medida obrigando os cidadãos negros a migrarem para a África na intenção de retornar às suas origens. Sua aprovação afeta diretamente a vida do casal formado pela médica Capitú (Taís Araújo) e pelo advogado Antônio (Alfred Enoch), bem como a de seu primo, o jornalista André (Seu Jorge), que mora com eles no mesmo apartamento. Nesse imóvel, os personagens debatem questões sociais e raciais, além de compartilharem anseios que envolvem a mudança de país.

Agora vamos à entrevista!

Wanda Chase – Estou muito mexida com o filme. Ele nos faz refletir sobre como nós, negros, somos tratados nesse país.

Lázaro Ramos -
Uma coisa que me impressiona até hoje nesse filme, é que é uma peça de 2011. A gente começou a escrever o filme em 2012. A base do filme foi encenada em 2015. E a gente, quando tava escrevendo a história, sempre pensava assim: vamos fazer um filme que seja um alerta sobre coisas que a gente não quer que aconteça no nosso futuro. O filme tá sendo entregue agora pro Brasil, em 2022, e, infelizmente, várias das coisas que nós imaginávamos que não aconteceriam na nossa estrada, aconteceram. Aí, é uma responsabilidade da ficção. É sinal de que a gente precisa pensar muito na vida real, os caminhos que a gente tá escolhendo, como a gente tá escolhendo se comunicar, quais são as nossas escolhas políticas, quais são as nossas escolhas dos relacionamentos do dia a dia… Tá tão polarizado, né? E o filme chega aí pra isso. Bacana que a gente pode criar uma obra de arte que traz essas reflexões, porque aí a travessia fica mais suave, se é que suave é uma palavra que pode ser usada.

WC – O filme também imprime humor…

LR –
O riso no filme é estratégico. A emoção é estratégica. Tudo pra convocar as pessoas pra uma luta que é de todos.

WC – E a Dona Diva, que roubou a cena na Festa Literária Internacional de Paraty, no Rio de Janeiro, em 2017, também está no filme, né?

LR –
Não só está no filme, como é o primeiro rosto a ser visto no filme. O rosto de Dona Diva é muito simbólico pra mim. Eu queria muito que esse filme abrisse janelas e memórias. Eu escolhi Dona Diva pra ser a primeira pessoa que aparece ali que é pra gente lembrar da história dela. Pra gente lembrar daquele dia, que ela, segundo ela, nunca tinha falado em público, levanta, pega o microfone e corajosamente fala por 13 minutos.

Foto: Acervo Wanda Chase


WC – E tem muitas outras homenagens no filme…

LR –
Tem homenagens que são feitas ali no cenário… Dona Ruth Souza, minha mãe, também, tem uma homenagem à ela… Várias figuras da nossa Bahia. Tem homenagem ao Ilê Aiyê, tem homenagem a Milton Santos… e a gente tá colocando alguns pedacinhos da nossa história. A gente tá contando uma história pra entreter, mas também é uma homenagem às pessoas que fortalecem a nossa existência e que contribuíram muito pra história desse país.

WC – É um filme que deve ser levado às salas de aula. Principalmente, aos colégios públicos, mas também aos particulares, pra discutir esses assuntos…

LR –
E você sabe, Wanda, tem umas coisas pra mim que são didáticas na história. Não sei se você reparou, mas numa história como essa… Que fala de violências urbanas, né? É um filme que não aparece arma… e não aparece sangue. Os nossos corpos não estão no fetiche do sangue e da arma… Aparece arma uma vez. Quando Emicida troca uma arma por um livro. Eu acho que você tem razão, mesmo… Eu acho que as pessoas podem usar esse filme como uma coisa pra levantar discussões e observações de como a gente tá contando nossas histórias e de como tá a nossa vida, o nosso dia a dia.

WC – Era um compromisso contigo, dirigir? E ter como primeira direção esse filme?

LR –
Não, muito pelo contrário, Wanda, eu não queria dirigir esse filme. Eu ofereci esse filme pro Joel Zito Araújo, pro Sérgio Machado, João Rodrigo Mattos, grande cineasta baiano, também… Começou o projeto, não fez, porque ele tinha seus próprios projetos, também… E eu fui sendo levado, quando eu vi, eu tava dirigindo (risos)… Eu não sabia que eu tinha esse talento. Eu não sabia que eu tinha esse desejo, de tá nesse lugar atrás das câmeras… Eu sempre fui ator, eu sou ator…

WC – Tinha que ser você, o teu olhar…

LR –
Depois que eu fiz, eu descobri que tinha que ser eu, agora eu tenho o prazer de te dizer: eu vou ainda fazer muitos filmes como diretor. Eu não vou parar. Tem muitas histórias que ainda não foram contadas, que muita gente não dá atenção, que eu vou dar atenção… Eu já dirigi um segundo filme, né, Wanda? Um musical, que traz o ator baiano Lucas Leto e a atriz carioca Gabz como protagonistas e a estreia de IZA como atriz. A gente vai abrindo uns caminhos aí e eu vou continuar contando muita história.

WC – Você falou em esquentar, impulsionar o filme… O que isso significa?

LR –
A gente tá pedindo muito que as pessoas vejam o filme na primeira semana. É a contribuição que todo mundo pode dar, assistindo logo no começo, espalhar a notícia do filme, falar por aí, falar nas redes sociais, porque eu acho que o filme merece essa atenção e ele merece um tempo no cinema pras pessoas terem a chance de assistir.



Wanda Chase* - @chase.wandaWanda Chase é jornalista graduada pela Universidade Federal do Amazonas, com mais de 30 anos de experiência e mais de 45 prêmios recebidos ao longo da carreira. Atuou como repórter, produtora, editora, apresentadora e comentarista em várias emissoras de televisão e jornais do Norte-Nordeste, a exemplo da TV Bahia, Rede Globo Nordeste, TVE Bahia, Rede Manchete, etc. Em 2009, recebeu o Troféu Maria Felipa, da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, e o Troféu Ujaama, concedido pelo Grupo Cultural Olodum, em 2020. Recebeu também o título de Cidadã Soteropolitana.



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