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SALVADOR

Hotéis do Sto Antônio sofrem com recessão europeia e insegurança

Hoje, 55% dos turistas que desembarcam no Aeroporto Internacional Luis Eduardo Magalhães saem do avião e vão direto para o Litoral Norte, desfrutar um dos resorts da região

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18/07/2012 às 8:21 • Atualizada em 14/09/2022 às 8:49 - há XX semanas
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Uma palavra estampa a camiseta de Eric Gouguenheim: ‘Paradise’ – paraíso, em inglês. Poderia estar se referindo ao paraíso que o francês leva no peito, ou melhor, no coração: Salvador, onde mora desde 1986. “Aqui é um dos poucos lugares que reúnem belezas naturais a riquezas culturais”, destaca. Foi na capital também, mais exatamente no Santo Antônio Além do Carmo, que Eric fundou há 20 anos a Pousada das Flores, que fechou nesta semana por dificuldades financeiras, como noticiou nesta terça (17) a Coluna Vip do CORREIO. “Tem uma crise na Europa e o Brasil está caríssimo”, diz Gouguenheim, que tem nos europeus em torno de 80% de sua clientela. Ele mantém ainda outra pousada no bairro, a Des Arts. Apesar de o intervalo entre julho e agosto ser uma época de alta temporada, o movimento está fraco. Dos oito quartos da pousada, apenas dois estão ocupados. Diante da crise, Eric tenta vender o casarão que abriga a pousada, além da casa onde mora, para tentar investir na Pousada Des Arts, onde, como inspira o nome, pretende realizar projetos culturais. “Em Salvador não tem o que fazer. O Pelourinho do jeito que está... Mando meus hóspedes para o Rio Vermelho”, diz. A poucos metros do casarão amarelo bicentenário da Pousada das Flores, o Hotel Villa do Santo Antônio também sente a crise. Dos 14 quartos disponíveis, apenas 5 estão ocupados. “Aumentaram os custos e não entrou dinheiro. Como muitos europeus estão sem trabalho, não têm como viajar. E quem tem dinheiro vai para o Caribe, para a Ásia”, analisa o alemão Roman Pankofer, proprietário do hotel. ViolênciaA pousada de Pankofer sofreu um assalto em dezembro do ano passado. Dois homens entraram e renderam um grupo de franceses que jantavam no restaurante do estabelecimento. Seis meses antes, três homens já haviam entrado no local e roubado hóspedes. Para o proprietário, esse é um dos motivos do desvio de rota dos turistas. “Falta segurança. Depois da greve da polícia, no início do ano, teve muitos cancelamentos. Antes mesmo da greve, tinham muitos assaltos”, reclama. “Depois do assalto, a polícia fica aí por um mês e depois nunca mais”, completa. Pankofer também aponta a falta de infraestrutura como um fator para afastar as pessoas. “O turista quer chegar rápido nos lugares. Você pega trânsito em vários lugares como a Paralela, a Bonocô, a Calçada”, afirma. “Quero saber o que há projetado para o trânsito. A Copa do Mundo está chegando e o estádio vai se resolver. Mas como os turistas vão chegar lá?”, questiona. ConservaçãoPara os franceses Corinne e Gèrome Sieiexs, de passagem por Salvador com os filhos de 12 e 15 anos, o patrimônio cultural da cidade deveria ser tão bem cuidado como em Orleans, de onde vieram. “A França investe muito, tem fundos especiais para isso, até as pessoas fazem doações”, ressaltam. Além da má conservação do Centro Histórico, eles reconhecem que a crise europeia também prejudica o turismo por aqui. “Como eu e meu marido trabalhamos, deu para viajar. Mas normalmente não tem sido assim”, diz Corinne sobre seus conterrâneos. Recém-chegados do Vale do Capão, na Chapada Diamantina, o casal Rafael Eougy e Carole Choeut, ambos de Lyon, na França, diz perceber que há poucos turistas na ruas. Um dos motivos seria o custo de vida no país. “Tá tudo muito caro, tanto quanto na Europa”, afirma Rafael, que visitou a cidade nos últimos três anos. Ele, porém, passava pelo Santo Antônio pela primeira vez e perguntou para a reportagem se era seguro caminhar pela região. O receio não surpreende João Cabral, presidente da Associação de Amigos do Santo Antônio Além do Carmo (Amacarmo). “O Pelourinho está abandonado. E a maior propaganda é o boca a boca. Se eu vou num lugar e conto que os ‘crackeiros’ vêm te abordar com colar, que está tudo destruído, você vai querer vir? É preciso políticas inteligentes para o turismo”, analisa. “Para vender a Bahia não precisa fazer força, é só valorizar o que se tem. Mas falar em Copa com hotéis fechando no Centro Histórico é demais para minha cabeça”, completa. Metade dos turistas vai para resortsHoje, 55% dos turistas que desembarcam no Aeroporto Internacional Luis Eduardo Magalhães saem do avião e vão direto para o Litoral Norte, desfrutar um dos resorts da região. O dado é do presidente da Associação Brasileira da Indústria Hoteleira (ABIH-BA), José Manuel Garrido. “Por uma questão de segurança e comodidade, o turista vai para um local que tem tudo”, explica Garrido. Ainda de acordo com dados da ABIH-BA, os hotéis de Salvador estão com um movimento 8% menor este ano, com relação ao ano passado. Garrido aponta a crise na Europa como o principal motivo dessa redução e destaca que, quando se trata das hospedagens situadas em bairros do Centro Histórico, como o Pelourinho e o Santo Antônio Além do Carmo, a situação piora, já que os turistas europeus são os que mais valorizam essas localidades para hospedagem. “São os turistas estrangeiros que apreciam mais os museus e os sítios históricos”, explica ele, que também aponta a falta de estrutura turística na cidade como um dos fatores que afugentam os visitantes. O presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagem (Abav-BA), Pedro Galvão, ainda reforça que a cidade deixou de receber 100 mil passageiros no último mês de janeiro, em relação ao mesmo período do ano passado. Os dados foram passados pela Infraero à Abav-BA. Além da crise econômica sofrida pelos países ricos, Galvão também reclama do que a cidade tem a oferecer aos visitantes. “A Bahia ainda é o principal destino turístico do Nordeste, mas a capital está sofrendo. Já o Litoral Norte tem a vantagem de não sofrer esta crise urbanística em que Salvador se encontra”, analisa. Com informações da repórter Luciana Rebouças Matéria original do CorreioHotéis do Santo Antônio sofrem com recessão europeia e insegurança

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