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Violência

PF abre investigação sobre morte de Mãe Bernadete após pedido do MPF

Líder religiosa foi assassinada em Simões Filho na noite de quinta-feira (17). PC já apura o crime

Redação iBahia • 18/08/2023 às 17:19 • Atualizada em 18/08/2023 às 21:36 - há XX semanas

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					PF abre investigação sobre morte de Mãe Bernadete após pedido do MPF
Foto: Reprodução

A Polícia Federal abriu um inquérito nesta sexta-feira (18) para apurar a morte da yalorixá e líder do Quilombo Pitanga dos Palmares Mãe Bernadete. A investigação foi iniciada após pedido do Ministério Público Federal (MPF), que acompanha o caso. Em paralelo a isso, a Polícia Civil também apura a situação.

O crime aconteceu na noite de quinta-feira (17), dentro de um imóvel que pertence à Base Comunitária onde a família da religiosa morava. Dois homens usando capacetes entraram no imóvel, fizeram familiares dela reféns e fugiram levando celulares após o assassinato. A suspeita inicial é de que o caso esteja ligado a tentativas de invasão e ocupação de terras na região.

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Além da morte de Mãe Bernadete, o homicídio do filho dela, Flávio Gabriel Pacífico dos Santos, mais conhecido como Binho do Quilombo, já está sendo apurado em inquérito policial. Até então, nenhum suspeito foi identificado e não houve prisão pelo crime, que ocorreu em 2017. Em nota, a PF informou que todos os esforços estão sendo empregados para a devida apuração, e disse que as investigações estão em sigilo.

Investigação PC

Mais cedo, a Polícia Civil informou em coletiva que as armas utilizadas no assassinato da vítima são de uso restrito. Investigações preliminares indicam que a yalorixá e líder do Quilombo Pitanga dos Palmares foi morta com tiros de calibre 9mm.

"A perícia localizou vários vestígios de calibre 9mm. Por essa ser uma arma de uso restrito, ela é usada por indivíduo de índole mais violenta, que tem coragem para cometer o crime, o que requer uma atenção maior da investigação", disse a delegada Andréa Ribeiro, diretora do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

Ainda de acordo com a policial, não há uma linha de investigação definida. Com isso, não está descartado que o crime tenha correlação com a morte do filho de Mãe Bernadete.

"O nosso foco agora é trabalhar na elucidação desse crime. Mas é lógico que não podemos descartar uma possível correlação com a morte do filho dela, ocorrida em 2017", afirmou a delegada, que destacou que a polícia também trabalha com outras hipóteses como ameaças e atuação do tráfico de drogas na região.

Uma equipe multidisciplinar da Polícia Civil está trabalhando na investigação do caso. De acordo com a Corporação estão envolvidos os departamentos de Polícia Metropolitana (Depom); de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP); Especializado de Investigação e Repressão ao Narcotráfico (Denarc); de Inteligência Policial (DIP) e Coordenação de Conflitos Fundiários (CCF).

A polícia destacou ainda que as investigações, já reforçadas, utilizarão toda tecnologia disponível, junto com as perícias realizadas pelo Departamento de Polícia Técnica (DPT). No momento em que foi assassinada, Mãe Bernadete estava com três netos.

Crime

Durante o Jornal da Manhã, o filho de Mãe Bernadete pediu justiça. Wellington dos Santos também relembrou o assassinato do irmão Flávio Gabriel Pacífico e ainda afirmou que a mãe estava com três netos no momento em que foi morta e que ela foi atingida por tiros no rosto .

"Minha família está sendo perseguida. Em 2017, meu irmão foi assassinado da mesma forma e ontem minha mãe foi executada enquanto estava com seus três netos. Queria saber o que a gente fez para esse povo. Não sabia que fazer o bem contraria tanto as elites", disse o filho da líder assassinada.

Na entrevista, Wellington afirmou acreditar em uma relação entre as mortes da mãe e do irmão. "Um crime liga ao outro. Eu confio na justiça de Deus e dos homens. Desse jeito, eles querem dizimar minha família", disse.

"Agora só tem eu, então eu sou o próximo, mas eu não tenho medo não, eu só nasci uma vez e morrerei apenas uma vez e morrerei lutando", completou.

Quem era Mãe Bernadete Pacífico

Liderança quilombola, ex-secretária de Políticas de Promoção da Igualdade Racial na cidade de Simões Filho e yalorixá. Esses eram alguns dos títulos de importância de Maria Bernadete Pacífico, de 72 anos.

Líder do Quilombo Pitanga dos Palmares, local que abriga 289 famílias em 854,2 hectares, Bernadete lutava pelo processo de titulação do quilombo, que em 2017 foi reconhecido pelo Relatório Técnico de Identificação e Delimitação – RTID do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), e certificada pela Fundação Palmares.

O Quilombo gerido por Mãe Bernadete, era um dos quilombos oficialmente registrados no último Censo Quilombola do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE).

Autoridades lamentaram a morte da yalorixá

Autoridades, políticos, lideranças e entidades negras lamentaram o crime através das redes sociais e por meio de posicionamentos oficiais. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se pronunciou e mostrou preocupação com o caso. Ele pediu uma "investigação rigorosa".

Em nota divulgada na noite de quinta (17), a Conaq exige que o Estado tome medidas imediatas para a proteção das lideranças do Quilombo de Pitanga de Palmares. "A família Conaq sente profundamente a perda de uma mulher tão sábia e de uma verdadeira liderança. Sua partida prematura é uma perda irreparável não apenas para a comunidade quilombola, mas para todo o movimento de defesa dos direitos humanos", diz o posicionamento.

O assassinato da religiosa será apurado pela Polícia Civil. Em posicionamento publicado no Twitter, o governador Jerônimo Rodrigues disse estar indignado com o crime e detalhou que, assim que tomou conhecimento do caso, determinou a mobilização da corporação e da Polícia Militar para o local, e pediu firmeza nas investigações.

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