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Justiça determina indenização de R$ 3,6 bi para vítima de estupro

Mulher tinha 14 anos quando foi estuprada pelo segurança de um condomínio, durante a festa de aniversário de um amigo

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Redação iBahia

24/05/2018 às 12:40 • Atualizada em 31/08/2022 às 22:25 - há XX semanas
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Hope Cheston tinha 14 anos quando foi estuprada pelo segurança de um condomínio em Jonesboro, na Geórgia, durante a festa de aniversário de um amigo, em outubro de 2012. Ela estava acompanhada de seu namorado numa mesa de piquenique, quando foi abordada pelo guarda armado e violentada. Nesta quarta-feira, a corte do Condado de Clayton decidiu que a Crime Prevention Agency, empregadora do estuprador, deve indenizar Hope em 1 bilhão de dólares, o equivalente a R$ 3,6 bilhões.
O criminoso, identificado no processo como Brandon Lamar Zachary, de 28 anos, foi condenado a 20 anos de prisão por estupro e começou a cumprir a pena em 2016. Um ano antes, a mãe de Hope, Renetta, entrou com uma ação civil contra a Crime Prevention Agency, acusando a empresa de negligência no treinamento e na atuação do funcionário. Segundo o advogado de acusação, Chris Stewart, Zachary, que tinha 22 anos na época, nem deveria ter sido contratado por não ser licenciado para atuar como guarda armado.
Renetta Cheston-Thornton, o advogado Chris Stewart e Hope Cheston
Foto: Facebook/Chris Stewart
Hope foi aconselhada por seu terapeuta a não discutir os eventos do dia do estupro, mas ela decidiu falar publicamente do ataque porque, apesar de ainda não ter superado o trauma, ela disse se sentir “num ponto confortável” para contar sua história, que pode confortar e guiar outras vítimas desse tipo de crime.
A jovem contou ao júri que sua personalidade mudou completamente após o estupro, informa o “New York Times”. Ela se tornou “fechada”, se afastou dos amigos e tensionou a relação com a mãe. Passou a ficar mais tempo em casa e até hoje não confia em autoridades, especialmente homens. Mesmo que esteja em situação de perigo, ela acredita que não procuraria a polícia.
— Saber que apenas um encontro pode mudar sua vida para sempre é aterrorizante — disse a jovem, que estuda Serviço Social na Universidade Estadual de Fort Valley e trabalha como voluntária ajudando moradores de rua.
Os jurados já haviam considerado a empresa negligente e, nesta quarta-feira, decidiu o valor da indenização. Stewart, que já atuou em outros casos de violência sexual, se disse chocado ao ouvir o veredito. Ele contou ter pedido aos jurados que determinassem o valor da dor provocada pelo estupro, mas não esperava por US$ 1 bilhão.
— Eu fiquei muito orgulhoso dos jurados porque não há base no mundo jurídico para o quão alto um veredito de estupro pode ser — comentou o advogado à Associated Press.
Trata-se da maior indenização já concedida pela Justiça americana para um caso de crime sexual. Segundo Jeff Dion, diretor da Associação Nacional de Advogados de Vítimas de Crimes, vereditos de dezenas ou até centenas de milhões de dólares não são incomuns, mas ele nunca ouviu falar de US$ 1 bilhão, ainda mais para uma única vítima.
— O júri estava claramente enviando uma mensagem para a má conduta da companhia — afirmou Dion.
Mas Hope provavelmente não se tornará bilionária. A Crime Prevention Agency foi dissolvida em 2016 e seu representante, Mario Watts, provavelmente não terá condições de arcar com a indenização. Para Jessica Gabel Cino, professora de Direito na Universidade Estadual da Geórgia, é mais provável que a empresa recorra da decisão e que a corte de apelação reconsidere o veredito e compare o valor com outros casos similares.

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