De casa, Jair Bolsonaro foi a estrela do debate. Fosse uma eleição comum, menos radicalizada, o risco de o deputado do PSL ser afetado nas urnas diante de tantos ataques — muitos deles precisos — era real. Ao longo de mais de duas horas, foram constantes as críticas às propostas polêmicas dos aliados do capitão reformado, que sugeriram criação de imposto e fim do 13º salário, e a seu perfil autoritário.
É difícil, no entanto, acreditar que os ataques atingirão o eleitorado disposto a votar no líder das pesquisas. Todos os temas levantados contra Bolsonaro já foram repetidamente alardeados nas propagandas eleitorais no rádio e na TV, e o candidato só ampliou sua liderança. Para piorar, Bolsonaro pôde aproveitar o espaço grátis de quase meia hora para falar sozinho em outro programa televisivo.
Segundo colocado nas pesquisas, Fernando Haddad optou por dobrar a aposta na agenda da esquerda. A menos que as pesquisas internas do PT demonstrem um risco de Ciro Gomes tomar sua vaga no segundo turno, a opção é de difícil compreensão. No debate, Haddad fez intensa defesa do ex-presidente Lula, chamando sua condenação de “arbitrária” e qualificando-o como “preso político”, embora o Datafolha tenha mostrado esta semana apoio da maioria dos brasileiros à prisão dele.
Embora necessariamente precise do apoio de eleitores da centro-direita para obter sucesso em um eventual segundo turno, Haddad fez duros ataques ao PSDB, criticou ruralistas, qualificou a reforma da Previdência como “nefasta” e se negou a fazer qualquer autocrítica quando foi instado por Marina Silva.
Ciro Gomes lutou o quanto pode para convencer o telespectador de que ele pode evitar a disputa final entre Haddad e Bolsonaro. Carismático, demonstrou vigor, atacou intensamente o deputado do PSL, criticou o governo Temer e implorou até o voto de William Bonner.
Geraldo Alckmin e Marina Silva pareciam ter entregue os pontos. O tucano foi o Alckmin de sempre: técnico, com propostas detalhadas, mas exibindo a notória dificuldade de gerar empatia. Marina usou o espaço para alertar para os riscos da polarização. Só que sua falta de horizonte eleitoral era evidente, ao ponto de pedir já na primeira resposta que o eleitor ignorasse as pesquisas, nas quais ela derreteu.
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Redação iBahia
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