Mães que entraram na Justiça para comprovar o abuso sexual contra seus filhos e manter a guarda enfrentam uma tripla dor: a tristeza de saber que a criança sofreu uma violência, a decepção ao descobrir que o criminoso pode ser o pai e o desespero de serem afastadas dos filhos.
Apesar de ter um laudo comprovando o estupro de sua filha de 12 anos, uma avaliação psicológica atestando a veracidade do relato e até uma gravação com a confissão do ex-marido e padrasto, Danielle, que mora no interior de São Paulo, era acusada de alienação parental e corria o risco de perder a guarda da caçula, de 3 anos, para o abusador:
— Conversei com a minha filha mais velha e disse que ia perder tudo. Ela já tinha brigado (com ele) para que não levassem a irmã. Tínhamos medo que ele se vingasse, que fugisse, fizesse alguma monstruosidade com a pequena.
Com uma câmera escondida, ela deixou que o ex entrasse em sua casa e ficasse a sós com a garota. Ele caiu na armadilha, e o abuso foi filmado. Foi condenado e está foragido.
Simone (nome fictício) briga há seis anos para proteger seu filho. Quando tinha 4 anos, o menino voltou de um fim de semana com o pai reclamando de dor. Um pediatra e o Instituto Médico Legal emitiram laudos confirmando o abuso sexual.
A juíza pediu uma avaliação psicológica que não descartou o abuso, mas recomendou o afastamento da mãe, acusada de alienação parental. O primeiro processo criminal foi arquivado, mas dois anos depois outro foi aberto após denúncia médica.
Seguiu-se a briga judicial, novos laudos, e o menino continuou relatando agressões sexuais e reafirmando a autoria do pai. Mas a mãe foi sendo afastada. Hoje vê o filho uma vez a cada 15 dias, em visita supervisionada.
— O abuso não é mais foco, ninguém questiona. É sobre se eu sou alienadora ou não. O pai me acusa de ter inventado tudo e como não foi condenado na esfera criminal por falta de prova de autoria ficam só as decisões da vara de família.
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Redação iBahia
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